Anna Carolina de Abreu Coelho

IMPRESSÕES DE UM VIAJANTE OITOCENTISTA SOBRE O NILO E O AMAZONAS

“[...] confesso sinceramente que em mim produzia ele fraca admiração, pois que, como filho da zona equatorial, estou acostumado às pompas mais variadas da vegetação amazônica, às arvores gigantescas cobertas de folhas de todas as formas e cores, brilhantes ou sombrias, uniformes ou variadas, vivas como a passiflora rubra, ou pálidas como angélicas” (ABREU, 1874, p. 204).

O trecho acima se refere a um comentário feito pelo viajante paraense Barão de Marajó a respeito do jardim das Tulherias, na França, o qual não lhe impressionara por considerá-lo com uma natureza pouco expressiva por estar acostumado “às pompas mais variadas da vegetação amazônica”. Essas impressões vamos encontrar nas publicações de viagens de José Coelho da Gama e Abreu, o Barão de Marajó, em seu primeiro livro intitulado 'Do Amazonas ao Sena, Nilo, Bosphoro e Danúbio: apontamentos de viagem' que foi publicado entre 1874 e 1876, na cidade de Lisboa, pela editora Universal. O livro baseava-se em diários de viagens escritos em diversas épocas, especialmente na década de 1860, feitas em companhia de sua esposa, mas, às vezes, as anotações também eram feitas num ambiente solitário.

Essa obra demonstra uma descrição atenta e comparativa de cidades como Belém, Lisboa, Madri, Cairo, Alexandria, Constantinopla, Jerusalém, Paris, Viena, Pesth, Buda, entre outras. Seguindo os padrões de livros de viagem da época, possuía características próprias e duais com referências do Romantismo (como o gosto à evasão no tempo/espaço, a valorização do exotismo oriental ou da natureza amazônica intocada) e com uma perspectiva prática de observação das cidades de diversas partes do mundo. Esse olhar contribuiu para a atuação política de José Coelho da Gama e Abreu em diversos cargos ocupados entre o período de 1855 a 1906 (SARGES & COELHO, 2014).

Sempre transitando entre o Brasil e a Europa, o Barão de Marajó se formou em Filosofia na Universidade de Coimbra e teve asua biografia publicada na imprensa portuguesa, o que sugere uma profunda ligação com os círculos intelectuais lisboetas, sobretudo no âmbito das sociedades de letras e ciências, como a Academia Real das Ciências de Lisboa, instituição a qual era correspondente. Seus livros foram todos publicados em editoras portuguesas: Do Amazonas, ao Sena, Nilo, Bosphóro e Danúbio: Apontamentos de viagens (1874/76); A Amazonia: as províncias do Pará e Amazonas e o governo central do Brazil(1883); Um Protesto: Respostas às pretensões da França a uma parte do Amazonas manifestadas por Mr. Deloncle(1884); e As Regiões Amazonicas, estudos chorographicos dos estados do Gram Pará e Amazonas (1896). (SARGES & COELHO, 2014).

Sendo um observador das cidades e um divulgador da região Amazônica na Europa, o Barão de Marajó, desde a sua primeira obra, procurou exercitar um olhar comparativo ou conectado com diferentes espacialidades, como o norte da África e a Europa.  Relatos de viagem, como os dele, tornaram-se mais presentes durante o século XIX, pois a melhoria das condições de transporte (nos caminhos de ferro e na navegação a vapor) possibilitava a circulação de viajantes.

 Ao mesmo tempo é possível inferir que a circulação de pessoas entre diversos espaços distantes já desponta o caráter da globalização, conforme registra Burke em relação ao século XIX, classificando este período como um ponto crucial na história da globalização pelo intenso aumento do mercado mundial, das comunicações globais e da circulação de pessoas nas várias partes do globo devido às mudanças na forma de percorrer o espaço (BURKE, 2012, p. 275-277).

Apesar de o termo globalização ter começado a ser utilizado em meados da década de 1980, o processo em si é antigo, tendo se acelerado com as “grandes navegações”. Conforme Georg Iggers, a globalização não foi homogênea, porém trouxe mudanças nos comportamentos de consumo, hábitos e concepções de vidas regionais ou locais (IGGERS, 2010, p.120-121).

A tendência que se observa na escrita de uma história com maior interação entre o local e o global, possivelmente está associada à crescente intensidade de comunicação intercontinental em nossa época. A questão das mundializações ou globalizações levou a proposições e métodos de perspectiva “transnacional”, “global” ou “mundial”, tais como ConnectedHistory,SharedHistory e histoirescroisées,que se diferenciam quanto aos seus pressupostos, porém compartilham de uma abordagem sobre contatos e circulações (REVEL, 2015, p.21).

Para Serge Gruzinski pensar a relação do local com o global é importante, porque oferece possibilidades de se elaborar discursos que não se atenham nem ao etnocentrismo nem ao “nombrilismo” nacional, e essa perspectiva pode contribuir para a historiografia da Amazônia ao contrapor a imagem do exótico e do periférico a qual está atualmente ligada, devolvendo-lhe a condição planetária percebida nas obras de cronistas do século XVI (GRUZINSKI, 2007, p.11).

Nesse sentido, um relato de viagem com um olhar não europeu e comparativo, como o realizado pelo Barão de Marajó ao pensar as cidades durante o intenso processo de mundialização na segunda metade do século XIX, pode ajudar a entender a Amazônia sob uma perspectiva mais abrangente.  Nosso enfoque neste artigo será primeiramente abordar a perspectiva do Barão de Marajó a respeito do que seriam as “grandezas naturais” de locais privilegiados por grandes rios como o Egito e o Brasil, e as possibilidades do surgimento de grandes civilizações nessas espacialidades.

Amazonas e Nilo – Passado e Presente
A natureza amazônica perpassa toda a obra do Barão de Marajó. O rio Amazonas é um de seus temas favoritos, sobre o qual discorre fazendo a descrição das grandezas fluviais relacionadas à extensão e ao volume de águas, colocando a natureza do Amazonas em uma escala de “superioridade natural” diante de outros rios. Assim registrava: “todos os outros como o Prata, o Nilo, o Ganges lhe são inferiores”.

O Barão de Marajó em sua descrição da Amazônia usa uma linguagem diferenciada em relação àquela empregada para se referir aos outros locais, em vez de tecer críticas, ele descreve a paisagem, ressaltando a beleza do raiar do sol nas águas e florestas da Amazônia:

“Os habitantes, para se utilizarem da facilidade que lhes dão os rios para os transportes, situam-se ordinariamente em suas margens, e realmente nenhum sitio mais formoso poderiam escolher: que quadro mais belo do que o do raiar do sol, ou o do seu ocaso, quando, além da escura sombra que o alto arvoredo dá às aguas das margens, se vê a luz coada por entre o nevoeiro que de manhã se eleva sobre os rios, esvaecendo-se pouco a pouco como um véu de gaze que se rasga, dando lugar a torrentes de luz que fazem refletir inúmeros brilhantes sobre as largas folhas das plantas cobertas de orvalho? (ABREU, 1874, p.8)

As grandezas naturais dos rios interessavam principalmente pela perspectiva utilitária, por isso a navegabilidade do rio Amazonas possibilitaria que se tornasse um espaço de conexão global; ou pelo menos, entre os países da América, este rio seria um elemento importante para uma futura “fraternidade americana”. (ABREU, 1896.p.69).O rio Amazonas, com os seus inúmeros afluentes, exemplifica uma natureza que propiciaria o estreitamento de relações sociais, culturais e da imigração. O entrave ocorria da não utilização dessa natureza grandiosa pela inteligência humana. Um mundo “morto e inerte” da natureza deveria ser conectado por pessoas de diversos locais (especialmente a América), a partir dos rios da bacia amazônica.

Para além das possibilidades da navegação internacional pelo rio Amazonas, a fertilidade das terras seria outro fator que poderia favorecer o estabelecimento de uma grande civilização amazônica, tal como ocorreu às margens do rio Nilo. Dessa forma, o lodo deste rio que propiciava a uberdade das terras egípcias teria um equivalente no Amazonas, além de favorecer o clima: “dá ainda ao Pará, refrescando as terras nas horas de elevação das marés [...], uma uberdade que nada tem que invejar às faladas terras que o Nilo banha” (ABREU, 1874, p.8).

Ao voltar seu olhar para o rio Nilo, não lhe faltaram observações sobre a natureza e o tempo. O Barão de Marajó antes de sua viagem ao Egito via esse local da África somente como um lugar cuja existência estava no tempo passado (faraós e pirâmides). No entanto, o encontrar das ferrovias com a própria velocidade lhe impunha outro olhar: “E na verdade, quem tinha o Oriente em certa conta, custa-lhe a admitir o caminho de ferro na terra de Ramsés e Tutmés; a máxima velocidade de parceria com o vagar, o silêncio e a gravidade oriental” (ABREU, 1874, p.117).

O estereótipo do exotismo egípcio se desfez diante das novas formas de percorrer os espaços representados na velocidade do caminho de ferro e pelo conhecimento empírico das viagens. Os trajes e a natureza diferiam muito do que era imaginado anteriormente pelo Barão, apenas o traje das mulheres remete à diferença, outras formas do vestir espelham-se no europeu com adaptações às formas locais, como a sobrecasaca usada com um fez encarnado na cabeça:

“Vão lá e encontram, em lugar de turco com as suas vestes, um sujeito de sobrecasaca e calça preta apenas com o fez encarnado na cabeça, que o faz parecer uma garrafa preta lacrada de encarnado, ou uma mulher com a cara oculta por um pedaço de pano com dois buracos para os olhos; em lugar de palmeiras elegantes, vê apenas arbustos acanhados; e em lugar de camelos, um caminho de ferro. Isto é para desesperar [...]”.  (ABREU, 1874, p.117). 

As representações idealizadas se desfaziam diante dos olhos do viajante, a modernidade chegara ao Egito, e além do caminho de ferro, o projeto do canal de Suez tornava-se um ícone dela, propiciando uma intensa circulação de pessoas nas cidades de Alexandria e do Cairo. Os delegados enviados para o evento, dentre eles o Barão de Marajó, previam o sucesso comercial desse projeto:

“a posição geográfica do canal com relação ao resto do globo faz antever um tão brilhante futuro para a empresa que o levou a cabo, [...]”. Os rios representavam uma grandeza natural, que possibilitou um esplendoroso passado do Egito e cujos projetos de navegabilidade do presente anteviam um “futuro brilhante” (ABREU, 1874, p.135). 

 Assim como a grandeza natural favoreceu o Egito também faria da Amazônia a grande civilização na América. As ações humanas é que se tornavam o obstáculo para a civilização, no caso da Amazônia, este era representado pelas formas de organização centralista do império brasileiro, que não reconhecia as especificidades de cada estado, sendo assim necessário o federalismo.

Considerações finais
O Barão de Marajó percebia o espaço da Amazônia como uma grandeza natural, que tinha nos rios uma possibilidade incrível de trânsito, comércio e comunicação entre pessoas de diferentes lugares, portanto, a civilização dependeria do uso humano das possibilidades naturais.  As cidades são para o Barão outro espaço privilegiado de análise, e o seu olhar sobre esses sítios próximos aos rios estabelece as diferenças entre a civilização e a natureza, na segunda metade do século XIX.

O Barão de Marajó foi um viajante amazônico com intensa atuação política e intelectual, seus escritos refletem a Amazônia em um contexto abrangente e comparativo, considerando os aspectos da navegabilidade dos rios e da remodelação das cidades de seu tempo. Ele olhava as cidades como diferentes espaços, envolvidos em uma circulação de repertórios de arquitetura e paisagem.

Percebia as conexões entre as cidades de diferentes locais, como Alexandria e Belém, pensadas a partir das grandezas de natureza e civilização. Os rios surgem no texto como um indicativo de grandeza natural, podendo assim ser considerados o Nilo e o Amazonas. Apesar de considerar os rios como indutores de grandes civilizações, tal característica não era o suficiente, pois estas dependiam, primordialmente, de vontade política e de projetos urbanos.

As obras escritas pelo Barão de Marajó, no século XIX, serviram para uma reflexão sobre as cidades e as suas diferentes grandezas, levando a um exercício comparativo com outras cidades, mesmo com as mais distantes do caudaloso rio Amazonas. Embora tal século seja um período em que os estudos em geral dão ênfase às questões da nacionalidade, a cidade pode ser considerada o lócus do exercício de conexão entre o local e o global, pois, como lembra Fraçois Sirinelli, esta aparece situada no cruzamento das dimensões entre o nacionalismo e a cultura-mundo (SIRINELLI, 2014, p.107-110).

Referências
Anna Carolina de Abreu Coelho é Doutora em História pela UFPA e Professora de História da Amazônia da Unifesspa.
Email:annacarolcoelho@outlook.com

ABREU, José Coelho da Gama. As Regiões Amazonicas, estudos chorographicos dos estados do Gram Pará e Amazonas. Lisboa: Imprensa de L. da Silva, 1896.
ABREU, José Coelho da Gama e. Do Amazonas ao Sena, Nilo, Bósphoro e Danúbio: Apontamentos de Viagem. Tomo I.  Lisboa: Typographia Universal, 1874.
ABREU, José Coelho da Gama e. Do Amazonas ao Sena, Nilo, Bósphoro e Danúbio: Apontamentos de Viagem. Tomo II.  Lisboa: Typographia Universal, 1874.
ABREU. José Coelho da Gamae. Do Amazonas ao Sena, Nilo, Bósphoro e Danúbio: Apontamentos de Viagem. Tomo III. Lisboa: Typographia Universal, 1876.
BURKE, Peter. História e Teoria Social. 2ª edição. São Paulo: Unesp, 2012.
GRUZINSKI, Serge. Local, Global e Colonial nos mundos da Monarquia Católica. Aportes sobre o caso amazônico. Revista de Estudos Amazônicos. v. II, n.1. jul/dez. 2007.
IGGERS, Georg. Desafios do século XXI à historiografia. História da historiografia, março, número 04, p. 105-124. 2010.
REVEL, Jaques. A história redescoberta? In: BOUCHERON, Patrick;
SARGES, Maria de Nazaré; COELHO, Anna Carolina de Abreu. Do Rio Amazonas à Península Ibérica – viajando com o Barão de Marajó. Vária História. vol 30, n 53, mai/ago. 2014.p. 487-505.
SIRINELLI, Jean-François. Abrir a História – Novos olhares sobre o século XX francês. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.

27 comentários:

  1. Prezada Anna Carolina;

    Achei bastante atual sua discussão sobre globalização. Relatos como o Barão de Marajó são fáceis de encontrar na Amazônia oitocentista? Também estudo o Oitocentos, mas com outros tipos de fontes. Além disso, a escolha pela História Cultural como arcabouço teórico foi algo natural?

    Thiago Oliveira de Souza

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    1. Prezado Thiago Oliveira
      Em relação a primeira pergunta, entre os viajantes oitocentistas são mais comuns narrativas sobre a Amazônia, um relato como o do Barão de Marajó que faz uma rota inversa sendo um amazônico que viaja e analisa o Oriente e a Europa é mais raro, em minhas pesquisas não encontrei outro contemporâneo a ele, no entanto esses relatos são muito comuns entre os viajantes portugueses, incluindo rotas semelhantes. Sobre a história cultural, para esse artigo utilizei alguns autores que tratam de uma história ligada a historia das mundialização ou da globalização pois, entre outras leituras me ajudaram a entender melhor esse sujeito cosmopolita que é o Barão de Marajó.
      Muito obrigada pelos questionamentos.
      Atenciosamente
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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  2. Ana Paula Sanvido Lara1 de outubro de 2018 às 15:30

    Professora Anna Carolina, texto muito rico e interessante! Realmente nosso país possui grandes riquezas naturais. O Barão de Marajó considerava que o federalismo e os recursos oferecidos pelo rio Amazonas desenvolveriam uma grande civilização, comparável à egípcia. Ainda assim, tal fato nunca ocorreu. Podemos dizer que se deve à falta de vontade política e falta de interesse pela região? Por que a região é tão subvalorizada?

    Ana Paula Sanvido Lara

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    1. Prezada Ana Paula Sanvido Lara
      O Barão de Marajó buscava pensar a região amazônica para em suas ações políticas em projetos modernizadores que pudessem ajudar para que a Amazônia tivesse riquezas que correspondessem a sua natureza grandiosa.Em relação as questões políticas ele considerava que o governo central monárquico dificultava os interesses de regiões afastadas do sul e sudeste como a Amazônia. Me remetendo ao presente penso que sim tiveram e tem muitos projetos por parte do governo republicano voltados para desenvolver a Amazônia o problema é que esses projetos fizeram-se na perspctiva da invisibilidade de muitos sujeitos quando se falava em "homens sem terras para terras sem homens"; inexistia para o governo as gentes da Amazônia sua população tradicinal. A Amazônia é a região com grandes projetos de exportação de minérios sob égide de empresas internacionais ou de capital misto, além da energia hidrelétrica (usinas de Tucuruí e Belo Monte); não penso que ela seja um espaço subvalorizado apenas com tantos subsídios dados pelo governo as grandes empresas estrangeiras o retorno social para a região é quase nulo. E assim infelizmente a dualidade das grandezas naturais não corespondem ao desenvolvimento humano tal como nos tempos do Barão.

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  3. Professora Anna Carolina, que texto interessante!

    O Oitocentos é um dos períodos de maiores transformações no Brasil e essa característica com certeza iria refletir nas pessoas que viviam tais mudanças, o próprio Barão de Marajó é exemplo disso. Gostaria de saber um pouco mais da vida dele, é perceptível que foi alguém da elite, mas, como era o seu ciclo de amizades no Amazonas? Como ele decidiu viajar para o Egito? As fontes apontam alguns indícios?

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  4. Prezado Hezrom Vieira Costa Lima
    O Barão de Marajó era filho do militar português José Coelho de Abreu e da paraense Micaela da Gama Lobo; era uma familia rica mas, Gama e Abreu aumentou muito seu patrimônio casando-se com dona Maria Pombo Brício filha de uma das familias mais ricas na época; com o falecimento dela, no parto de seu quinto filho, ele tornou-se riquíssimo.
    Ele ocupou os cargos de Diretor das obras públicas, presidente das províncias do Pará e do Amazonas, deputado, senador e intendente de Belém. Ele era muito bem relacionado, talvez não tanto com as elites do Amazonas, mas especialmente com os portugueses ele chegou a participar de caçadas com o rei de Portugal, recebendo inclusive a comenda de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, teve sua biografia publicada em um jornal, uma revista e um livro de memórias escrito pelo jornalista Brito Aranha. Ele viajou ao Egito, em companhia de sua esposa, como representante da Associação Comercial de Lisboa para um evento relacionado ao canal de Suez, foram convidados políticos e intelectuais de diversas localidades. Obrigada pelos questionamentos. Para saber mais sobre o Barão de Marajó e suas viagens pode ler o artigo "Do Amazonas a península ibérica: viajando com o Barão de Marajó ", escrito em parceria com a professora Maria de Nazaré Sarges e publicado na revista Vária História.
    Atenciosamente
    Anna Carolina de Abreu Coelho

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  5. Boa noite professora Anna Carolina,
    Um excelente trabalho! Obrigado por compartilhar conosco esse saber! Já pensou em comparar a figura de Policarpo Quaresma com José Coelho da Gama e Abreu? Eles se parecem em muitos aspectos...
    Atenciosamente Daniel Borges da Fonseca

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    1. Prezado Daniel Borges da Fonseca
      Ainda não havia pensado, mas os dois tem em comum o patriotismo e a crença em um futuro promissor. No entanto, Policarpo Quaresma é um personagem mais patriota que o Barão; alguns jornais críticos dele diziam que ele passava muito tempo viajando pelo mundo e voltava para exercer seu patriotismo no Pará somente nas "épocas próprias", ou seja, nas eleições. Obrigada pela sugestão.
      Atenciosamente
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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    2. Boa noite professora Anna Carolina,
      Obrigado por solucionar a minha dúvida! Se me permite perguntar, você tem alguma relação familiar com o Barão? Pois assim como ele, possui Abreu Coelho.
      Atenciosamente,
      Daniel Borges da Fonseca

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    3. Boa noite Daniel
      Me fizeram essa mesma pergunta na entrevista de doutoramento, e eme outros momentos. É apenas uma coincidência enorme eu e meu biografado termos o sobrenome quase idêntico, infelizmente não sou descendente dele, pois contaria com documentos valiosos.
      Atenciosamente
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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  6. Professora,
    No seu discurso sobre a narrativa sobre o Barão do Marajó, não seria uma forma de "globalização primitiva" com a questão da difusão cultural e reinterpretação que o Barão fez ao Rio Amazonas comparado com o Rio Nilo?
    Kalil Campos Casseb

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    1. Prezado Kalil Casseb
      Entendo que esse processo de mundialização ocorre desde o século XVI como podemos perceber na leitura das obras de Serge Gruzinski. O século XIX foi certamente um período de ampliações das redes mundiais e da circulação de pessoas por várias partes do mundo com a tecnologia que deixava as viagens mais rápidas; havia um intenso fluxo de vapores da Europa e América do Norte para a Amazônia na segunda metade do século XIX e sempre se pode encontrar nos jornais listas de viajantes que partiam e chegavam.
      Atenciosamente
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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  7. Primeiramente meus parabéns pelas posições e pesquisa bem aplicadas acerca do tema. Trabalhos como esse nos ajudam muito a pensar a História da Amazônia como um tema que hoje, cada vez mais precisa estar presente. Sendo assim você consideraria trabalhar essa temática pensando trabalhar mentalidades sobre os estudos de Amazônia dentro da sala de aula? E de que outra forma você consideraria possível e aconselharia trabalhar nas aulas de História?

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    1. Prezada Evellyn Baars
      Que questões relevantes, pois o ensino e a pesquisa devem caminhar juntos na nossa profissão. Sobre o primeiro questionamento,penso que a história social da cultura na Amazônia é um tema pertinente nas salas de aula, mesmo que o conteúdo do Enem não privilegie essa temática. A respeito da segunda proposição, utilizarei como exemplo minha experiência na docência no ensino básico na Seduc-PA esperando que ela possa ser útil de alguma forma. Quando planejava minhas aulas pensava em momentos em que pudesse ter uma "folga" da obrigação de dar conta de conteúdos enormes e pensava em oficinas de temáticas com os alunos; algumas tentativas aplicadas no ensino fundamental foram bem sucedidas: produção de texto sobre a "belle époque na Amazônia"; pesquisa e produção de quadrinho sobre sociedades autóctones na Amazônia e religiosidade afro-amazonica pesquisa e debate sobre o documentário "A Amazônia descoberta pelos turcos encantados". Em geral na primeira aula pedia que pesquisassem sites e livros com um determinado tema (como sabia que nem sempre conseguiam levava textos, documento e livros) organizava grupos pequenos para que eles pudessem ler e fazer suas anotações, ia orientando cada grupo no decorrer da aula. O segundo momento eles deveriam sintetizar o conhecimento produzido algo: texto, desenho, colagem. A terceira fase era a socialização do que cada grupo fez. Espero ter conseguido responder sua questão.
      Muito obrigada pelos questionamentos.
      Atenciosamente
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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  8. Prezada Anna.
    É possível afirmar que nas dobras do discurso do Barão há um "campo de possibilidades" para se discutir acerca de uma permanência historica: a internacionalização dos recursos naturais inscritos na Amazônia?
    Att.,
    Arcângelo da Silva Ferreira.

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    1. Prezado Arcângelo
      Acredito que abre um campo de possibilidade sim, mas é importante mencionar o que se trataria essa internacionalização em cada época. O objetivo do Barão de Marajó era a divulgação da Amazônia na Europa, de seus produtos, da abertura comercial dos portos;outra importante questão era a atração de imigrantes para trabalhar na agricultura buscando diversificar as atividades econômicas chegando a escrever trabalhos especialmente para essa finalidade como seu artigo sobre o clima amazônico na obra "O Pará em 1900". Dentro dessas perspectivas ele também chegou a representar o Pará em exposições universais como Chicago em 1892 e Paris em 1889. A questão do livre comércio nas Américas era certamente um grande desejo dele, no sentido da ampliação das trocas comerciais, digamos que ele idealizava a globalização; mas, apenas em um sentido de livre comércio pois defendia a soberania nacional como no caso do território contestado franco-brasileiro em que travou uma polêmica com o jornalista Henrique Deloncle a respeito desse tema.
      Espero ter respondido sua pergunta. Obrigada pelos questionamentos.
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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  9. Grato.
    Arcângelo da Silva Ferreira .

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  10. Oi Anna Carolina. Parabéns pelo belo texto. Para quem vive no sul do país, dialogar sobre a Amazônia beira a linha do exótico, muito senso comum. Que bibliografia recomendas para uso em da de aula com estudantes de Ensino Médio? Obrigado! Abraço!

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    1. Prezado Maicon Roberto Poli de Aguiar
      Obrigada pelo comentário. Posso sugerir a coleção da Editora Estudos Amazônicos com vários livros paradidáticos com temas interessantes como a questão indigena, a Amazônia colonial, colonias agrícolas no século XIX, família na época da borracha, entre outros escritos por professores da Universidade Federal do Pará, acredito que é possível adquirir pela Internet.Espero ter ajudado.
      Atenciosamente
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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  11. Anna Carolina muito bom seu texto. Ele mostra uma visão diferente da bacia amazônica, pois quando estudamos essa parte do Brasil vemos só pobreza, dificuldades e sofrimento da população local.
    Para você o barão de Marajó tinha razão em considerar o rio Amazonas uma importante via de conexão entre as regiões e países da América?
    José Raimundo Neto.

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    1. Prezado José Raimundo Neto
      Acredito que ele estava muito empolgado com o fluxo de vapores que circulavam após a abertura do rio Amazonas para a navegação internacional; como não haviam estradas por terra os projetos de integração com outros locais eram através de estudos da navegabilidade dos rios da Amazônia. Entre 1840 e 1867 circularam no porto de Belém, de acordo com os relatórios de governo da Província, cerca de 846 embarcações nacionais, 630 embarcações norte-americanas, 442 portuguesas, 484 inglesas e 325 francesas. Havia um consumo muito grande de produtos importados pelas capitais do norte, e com o aumento da exportação da borracha na década de 1850 devido a demanda internacional esse fluxo aumentou ainda mais. Entre as décadas de 1850 e 1913 muitos escritos sobre a Amazônia demonstram uma acreditar que no futuro se resolveriam os problemas aproveitando-se as grandezas naturais. Acredito que dentro da época em que ele vivia seria natural uma projeção de um futuro promissor para a Amazônia.
      Atenciosamente
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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  12. Boa noite prodeprofe Anna Carolina, muito obrigado pelo texto rico em informações e fatos sobre o barao do Marajó, percebi que ele era um intelectual, escritor, com uma ótima formação e que fala sobre a nossa região amazônica, a minha pergunta e se você saberia me dizer o motivo de o mesmo não ser mais estudado e difundido no meio acadêmico, será que em tal meio não teria alguma obra do barão que poderia ser usada? Por que eu por exemplo ainda mao tinha ouvido falar dele tanto no meu ensino medio quanto agora na faculdade. Boa noite.

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    1. Boa noite
      O Barão escreveu algumas obras importantes sobre a Amazônia que fizeram sucesso na época sendo resenhados em jornais do Rio de Janeiro, de Lisboa e mesmo em boletins de associações como o da Sociedade de Geografia Comercial de Paris foram escritos por ele:"Do Amazonas ao Sena, Nilo, Bosphoro e Danúbio: apontamentos de viagem", "A Amazônia", "Um protesto" e a última "As regiões amazônicas". Esse último é o mais conhecido, porém apenas entre especialistas na Amazônia do século XIX. Todas elas foram digitalizadas e estão disponiveis para baixar. Mesmo, que ele fosse muito conhecido em sua época acabou se tornando um autor esquecido e pouco estudado existem somente duas teses sobre ele a de um rapaz da arquitetura que fala sobre o trabalho urbanístico dele e a minha que trata no âmbito da história a trajetória intelectual e política do Barão de Marajó.
      Obrigada pelo questionamento
      Atenciosamente
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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  13. Boa noite, Anna. Excelente texto. Parabéns.
    Anna, me pareceu, ao ler o texto, que Barão de Marajó observava o rio Nilo a partir de uma perspectiva de "progresso" para compará-lo ao Amazonas. Uma dúvida: em algum momento, nas fontes, ele inverteu a noção de natureza inóspita, que por vezes é atribuída à Amazônia, e analisou desta maneira o Egito?
    Abraços
    Heraldo Márcio Galvão Júnior

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    1. Boa noite Heraldo
      O Barão entendia o vale do Amazonas como uma grandeza natural que proporcionaria o desenvolvimento de uma civilização tal como o vale do Nilo. Ele acreditava que os rios sendo estradas naturais favoreceriam o livre comércio nas Américas e com o restante do mundo. Ele acreditava que as terrasda Amazônia eram férteis e que a agricultura seria uma atividade econômica possível. A natureza sendo grandiosa contava com o problema da falta de vontade política que não aproveitava as riquezas naturais.
      Abraços
      Anna Carolina de Abreu Coelho

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  14. Boa noite, professora Anna!
    Pergunto: Este texto é um recorte de outro, maior? Se sim, poderias informar a fonte original?


    Sobre o Barão - a fonte deste estudo - sendo ele um cidadão que circulava pela elite intectual lisboense, qual o interese/vínculo com a Amazônia? (a ponto de tecer considerações tão positivas sobre a região)?


    Att
    Daniela Maria WEber
    PS: Atenção para as citações diretas e indiretas, pois não estão de acordo com normas da ABNT e deixam dúvidas sobre quando são palavras "da Anna" ou quando são fragmentos de outros textos.




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    1. Adorei o texto, Anna!
      Recentemente, estudei as formas de representação do Brasil na visão dos viajantes, e constatei que houveram muitas influências da Idade Média no modo como eles representavam a paisagem brasileira nos seus registros. Você chegou a encontrar dados parecidos? Viu, nas ideias do Barão, alguma herança de outro período de explicasse essa forma utópica dele de ver o mundo?

      Um abraço,
      Bruna Torman Reseres França.

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