Artur da Silva Rodrigues

O LIVRO DOS MORTOS DO ANTIGO EGITO E A CONSTITUIÇÃO DO SER

O Livro dos Mortos
Com o nome verdadeiro de: “Saída para o Dia” o livro dos mortos do antigo Egito teve sua primeira versão lançada por Ricardo Lepsius em 1842, o arqueólogo e egiptólogo responsável pela descoberta da obra foi o francês Jean-François Champollion, que interpretou e decifrou a chamada pedra deroseta fragmento de uma estela de granodiorito (Pedra individual no qual se esculpiam textos ou imagens em relevo) do Egito antigo que teve um papel fundamental no processo de descodificação dos hieróglifos egípcios . (cf, ANÔNIMO,2005,p.12)

A obra basicamente é um compilado de feitiços, orações, hinos, litanias formulas e etc., que guiam o morto para o além vida, ter o livro dos mortos no Egito antigo significava estar equipado, preparado para enfrentar as adversidade e desafios que a vida após a morte traria. Uma verdadeira jornada que poderia ser amenizada com todos os ensinamentos reunidos no livro para aqueles que pudessem pagar por tal necessidade, apesar de ser caro ter os rolos de papiro junto ao corpo era sim uma necessidade e sinônimo de uma chegada não tranquila, mas bem equiparada e com todo o suporte necessário a cada etapa que o morto viesse a passar.

Existem algumas versões do livro em diferentes idiomas como a versão espanhola de Juan Bergua (1960), três edições em inglês a de birch (1867), a de Le page Renouf, (1897 ) e a de W. budge (1898), além de duas edições francesas, uma de P. Pierret (1882) e outra de Gregory Kolpaktchi) (1954). (cf, ANÔNIMO,2005,p.14)

Em 1887 W. Budge encontrou o papiro de Ani, uma verdadeira relíquia ilustrada representando o Julgamento de Osíris inclusive a versão de Budge composta pelo próprio papiro é a mais conhecida.
“O “Papiro de Ani” data do Novo Império do Egito Antigo, que se estende pelas XVIII, XIX e XX dinastias (1550-1070 a.C.). O papiro se situa, especificamente, na XIX dinastia, que se estende entre 1307 e 1196 a.C., sendo a datação do papiro estipulada por volta de 1275 a.C. A localização da tumba de Ani e Tutu, sua esposa, provavelmente enterrada no mesmo túmulo, não é indicada com precisão, mas sabe-se que era situada em Tebas Ocidental. O papiro foi adquirido pelo “British Museum” (Museu Britânico), em 1887 através de Sir Ernest A. Wallis Budge, então curador do museu.[MATIAS. s/d. p.4.]

Composto por 24 metros de comprimento e de grande qualidade em termos artísticos e de ótimo acabamento, a relíquia apenas traz à tona a importância que o escriba real dava para o pós vida, preocupação essa que era comum em uma sociedade totalmente comprometida com o que enfrentariam depois da morte, como a sociedade Egípcia.(cf, MATIAS,s/d,p.4)

De início no antigo império os textos das pirâmides eram apenas direcionados aos faraós, no médio império os textos tornaram-se mais acessíveis, as elites agora podiam possui-los, somente no Novo Império houve um processo de democratização, porém, essa democratização não surtiu tato efeito, se levarmos em consideração o alto custo dos papiros.(cf, MATIAS,s/d,p.4)

Outra questão importante diz respeito ao papiro de Ani como fonte de informação para aqueles que desejam compreender melhor a cena do julgamento.

“Nele estão contidos detalhes que nos permitem enxergar com mais clareza o comportamento dos egípcios frente à morte, além de evidenciar preocupações inerentes ao seu contexto. Ani não era um homem obcecado pela morte, aliás, essa postura é conscientemente ou inconscientemente passada para os nossos alunos pelos livros didáticos. Os egípcios se preocupavam com o além, mas isso não quer dizer que não quisessem viver.” [ MATIAS,s/d,p.7]

Essas é uma das principais questões em torno do povo egípcio, eles davam importância a morte, obviamente isso é notório, mas isso não quer dizer necessariamente que a preparação para a morte fosse o motivo da vida de cada egípcio. A preocupação com o além tumulo é bastante perceptível, mesmo assim a vida era mais importante, pois se não se preocupassem em simplesmente viver a vida, não dariam tanta importância a falta dela.

Elementos Constituintes do Ser
No Egito antigo não a uma divisão corporal da espiritual, essa forma de encarar o mundo é chamada de visão monista, o corpo e a alma era apenas um, pelo simples fato de não existir a ideia de alma, espirito ou qualquer coisa do tipo. (cf, RIBEIRO,2014,p.48)

“A concepção sobre o ser humano era mais complexa. Primeiramente, podemos expressá-la a partir de uma dualidade parte x todo. O cosmos era uno, porém plural. Uma extensa variedade de seres coexistia e interagia. Todos se interligavam por uma aglutinadora ideia de vida, inclusive os mortos, pois após a morte existia uma nova forma de vida. Assim, a vida humana não era isolada, mas parte integrante de um todo maior e relacionada às outras formas de existência. Nessa espécie de cadeia de vida cósmica, portanto, o ser humano era expresso por uma dualidade de parte x todo. ” [RIBEIRO.2014. p 48]

Ainda assim, outros elementos eram considerados como constituintes do ser humano como o corpo, coração, nome etc. Mesmo não possuindo divisões relacionadas a corpo x espirito, é preciso compreender o ser humano no antigo Egito como algo jamais isolado e sim pertencente a um todo, que independe da morte, pois a morte para ele também era uma etapa da vida.

O Corpo
O mito mais comum para a criação do indivíduo é o mito do deus com cabeça de carneiro (Khnum) noqual dois moldes idênticos eram elaborados um deles o próprio corpo e o outro o Ka. Existiam várias nomenclaturas que designavam o molde do corpo. Em vida geralmente era chamado de dt. Assim que a morte o acometia era chamado deh3t expressão equivalente a cadáver. Corpos que já tivessem sido mumificados recebiam o nome de tut (múmia). (cf, RIBEIRO,2014,p.49)

A prática da mumificação também era importante acima de tudo para garantir que a vida após a morte fosse plena, de modo que a preservação do corpo fosse suficiente para evitar ao máximo a decomposição e para preservar os traços e a imagem do indivíduo. (cf, RIBEIRO,2014,p.50)

“A prática da mumificação perdurou por toda a história do Egito Antigo, mas teve fortes variações temporais e regionais. Por exemplo, a retirada do cérebro era um processo esporádico de início, mas tornou-se fixo no Reino Novo. Por um longo tempo, os sacerdotes do deus Anúbis, a quem se creditava a invenção da mumificação, eram quem realizavam tal prática. Gozavam de alto prestígio social por isso até o I milênio AEC, quando seu status veio a decair. A partir desta época, o embalsamamento passou a ser feito por profissionais que o desempenhavam como uma atividade comercial, um ofício.”[RIBEIRO.2014. p 48]

O período de mumificação mais provável é que seja de 70 dias, já que que esse intervalo de tempo está ligado a uma simbologia, já que se referia ao ciclo da estrela de Sirius, a estrela era eclipsada pelo sol e somente aparecia durante esse intervalo de tempo que inclusive coincidiam com o período das cheias do Nilo. (cf, RIBEIRO,2014,p.51)

Duplicata
Representado pelo símbolo hieroglífico de dois braços estendidos o Ka era visto não apenas como uma cópia do molde original, mas também com um protetor do morto sepultado na tumba, algumas vezes o Ka foi traduzido erroneamente como espirito. Dentre os seus vários significados, como o de fecundidade por exemplo o Ka estava ligado a força vital do morto. (cf, RIBEIRO,2014,p.51)

“Tido como o “princípio de sustento”, a função primordial do ka era garantir o sustento e desenvolvimento da pessoa a partir da ingestão de alimentos, tanto em vida quanto em morte. Isso expressa a fundamental importância desta parte e explica um dos pontos-chave da religião funerária egípcia: o ka deveria ser sustentado por meio de alimentos oferecidos ao morto. Caso isso não ocorresse, o morto deixaria de existir”. [RIBEIRO.2014. p 50]
Tido como fonte de alimentação e de sustento, em sua forma plural denominada de K3w (kau), mostrava uma série de atributos relacionados a questões externas do indivíduo. São eles:força, poder, honra, prosperidade, alimento, vida longa, alegria, brilho, magia, vontade, criadora, conhecimento, visão, audição e paladar. (cf, RIBEIRO,2014,p.52)
“Tratava-se de características divinas, possuídas integralmente apenas pelo deus solar Rá ou por alguns reis que as outorgavam e atribuíam para si. Podemos afirmar que tais kau, por mais que sejam originalmente externos, não são exteriores à ideia de partes do indivíduo, uma vez que determinada pessoa ou ser poderia conter um ou mais deles como uma parte de si.” [RIBEIRO.2014. p 52]

Coração
O coração era uma das partes mais importantes do indivíduo além de ser o centro em questões anatômicas ele era o centro das emoções e do intelecto, nem mesmo o cérebro era tido com tanto zelo e importância, o próprio cérebro era retirado pelo nariz ou até mesmo através de um buraco feito no crânio, em contrapartida o coração era mantido. (cf, RIBEIRO,2014,p.54)

“Os egípcios possuíam dois termos para designá-lo: ib, mais antigo e com raízes no extrato linguístico semita. Tinha significados de “invisível” ou “escondido” e designava o aspecto intelectual e mental da pessoa. O outro nome, HAtj (hatj) exprimia as ideias de “visível” ou “à frente” e consistia no centro anatômico do corpo. As duas palavras poderiam ser usadas como sinônimos ou alternarem entre si nas variantes de um mesmo texto, mas, à época do copta, o uso de HAtj havia substituído ib.” [RIBEIRO.2014. p 54]

O coração Ib tem sua importância redobrada, pois a ele são atribuídas funções que hoje são atribuídas ao cérebro dentre eles as emoções, pensamentos e a própria consciência. Além disso o Ib era o que mais era levado em consideração no tribunal de Osíris, era a partir dele que se eram analisadas as ações de toda uma vida. Tamanha a importância que o coração era embalsamado e colocado dentro do corpo da múmia junto com o amuleto-escaravelho. (cf, RIBEIRO,2014,p.56)

Nome
Nome ou Ren (em egípcio) estava ligado a características de cada um, dependendo do nome e de seu significado o indivíduo que o possuísse poderia ter sorte ou azar, era comum também a punição através da mudança de um nome que trazia sorte para um que trazia desgraças, punição dada para aqueles que cometessem transgressões graves como crimes cometidos contra o estado, o rei etc. (cf, RIBEIRO, 2014,p.56)

“Existiam categorias diferentes de nomes que uma pessoa ou ser poderiam possuir. O nome institucional decorria de alguma função exercida e servia como demarcador de status, o substituto fazia alusão a alguma característica ou função externa sem abranger toda a essência do ser. Nomes teológicos ou religiosos eram comuns e aludiam a alguma devoção pessoal ou a alguma divindade com culto proeminente em certa região. Mas a categoria mais fundamental era o nome secreto, o verdadeiro nome daquele indivíduo ou ser. O conhecimento do nome secreto de alguém era uma ferramenta poderosa para realização de magia, seja benéfica ou maléfica, e tentava-se evitar isso ocultando o nome escrito com criptografia, por exemplo.”[RIBEIRO.2014. p 56]

Até mesmo nas práticas funerárias o nome tinha grande importância, se fazia necessário escrever o nome em diversas partes da tumba e itens que fossem relacionados ao morto, para que a existência do morto fosse assegurada, além de ser necessário a pronuncia do Ren durante as oferendas funerárias. (cf, RIBEIRO,2014,p.57)

Sombra e Ba
Do pouco conhecimento que se tem sobre a Sombra, sabe-se que ela tinha o sentido de proteção e transmissão de poder, enquanto a pessoa está viva a sombra tem seus movimentos limitados pelo corpo, mas após a morte esses movimentos são aumentados em certo grau. O ba surgiu como um pássaro com cabeça humana com a face do morto algumas vezes  com braços e mãos. Entende-se o ba como uma manifestação externa, seja de algo ou alguém. (cf, RIBEIRO,2014,p.52)

“...o ba possuía mais relação com o indivíduo morto do que com ele vivo, tratando-se do elemento responsável pelos atos do falecido. Graças ao ba, o morto era capaz de movimentar-se por diversos locais e assumir formas de outros seres ou objetos. Seu caráter móvel e “livre”, em uma linguagem mais poética, faz com que o ba seja normalmente chamado de “princípio de movimento”. ” [RIBEIRO.2014. p 53]

O ba acima de tudo era importante para a locomoção do morto de modo que permitisse que ele realizasse as suas ações independentemente de quais fossem.

Akh
Os egípcios acreditavam que assim que a morte chegava o indivíduo que morresse teria todos os seus elementos espalhados, todos os rituais de sepultamento realizados eram exatamente para juntar todos esses elementos. Somente após todos os ritos funerários serem realizados e o morto ser colocado em sua câmara funerária ele tornava-se um akh (cf, RIBEIRO,2014, p.57)

“Apesar de ser posto como uma parte do ser, o akh apenas surgia após a morte com a reunião de todos os elementos, principalmente o ba e o ka (o que podemos entender como a garantia de que poderiam se mover e se alimentar). O akh era representado pela figura de um passado íbis. O termo possui significados variados, como “ser glorioso”, “esplêndido” e “resplandecer”. ” [RIBEIRO.2014. p 58]

O akh era formado pela junção de todos os outros elementos, mas isso não quer dizer que eles deixavam de existir, principalmente o Ka que recebia oferendas muitas vezes em alimentos de verdade ou até mesmo em textos e fórmulas mágicas. (cf, RIBEIRO,2014,p.59)

O julgamento dos mortos
A jornada até o julgamento do morto envolvia uma série de riscos, cheio de seres que deveriam ser evitados ou enfrentados com uso de magia, formulas e instruções de magia que poderia ser encontrada no Livro dos mortos do antigo Egito O julgamento era feito pelos deuses tendo em vista todas as suas ações durante toda sua vida. (cf, RIBEIRO,2014,p.66)

“O julgamento do morto ocorria em um local chamado “Sala das Duas Maats”, por vezes também nomeado “Sala das Duas Verdades” pelos estudiosos. Seu cerne era a pesagem do coração-ib junto a Maat, a deusa que personificava princípios como verdade, justiça e ordem cósmica. Como discutimos antes, ib não apenas comandava os pensamentos e as ações como também os recordava, agindo dessa forma como uma espécie de “superbanco de dados”, que não estava sob total controle do indivíduo. ”  [RIBEIRO.2014. p 66]

Inclusive antes mesmo de se adentrar o santuário de maat eram necessários que algumas palavras fossem pronunciadas em sua entrada.

“Oh! Maat, eis que chego diante de ti. Deixa-me, pois, contemplar tua radiante formosura! Olha! Meu braço se levanta em adoração a teu Nome sacrossanto. Oh! Verdade-Justiça, escuta! Chego aos lugares em que as árvores vão vingam, em que o solo não faz surgir as plantas. Eis que penetro ate os lugares dos Mistérios e que falo a Seth, o dono destes lugares... meu guia protetor se aproxima demim; seu rosto está coberto com um espesso véu...”  [ANÔNIMO.2005. p 135]

No próprio julgamento propriamente dito vários deuses participavam do processo como Osíris por exemplo que o presidia, porém, existiam mais quarenta e dois deuses que auxiliavam o presidente no processo de julgamento do falecido. (cf, RIBEIRO,2014,p.66)

“A cena do julgamento possui elementos em geral regulares. O morto é introduzido na Sala das Duas Maats por alguma divindade que possuía participação importante no tribunal, em geral Maat ou Anúbis. Em seguida há a balança de dois pratos utilizada para a pesagem: em um deles era depositado o ib do morto (normalmente dentro de um recipiente), enquanto no oposto se encontra Maat ou apenas sua pena simbólica. A balança é geralmente regulada por Anúbis e em seu topo poderia haver representações de Maat (seu busto com pena ou meramente sua pena) ou Thot na forma de babuíno, um de seus animais simbólicos (o babuíno poderia ter uma lua crescente sobre sua cabeça, uma vez que Thot era uma divindade com aspectos lunares, ou segurar o equipamento característico dos escribas, profissão que tinha esse deus como patrono). No teto, pode haver representações de alguns ou de todos os deuses-juízes. ” [RIBEIRO.2014. p 68]

Por fim Thot (Deus-escriba) aparece em seguida com sua cabeça de pássaro íbis, lhe pertencia o papel de fazer o registro do processo de pesagem e também de anunciar a decisão final do julgamento. Se o coração se mostrasse equivalente a maat (sua pena simbólica) o morto era declarado como justo de voz (significava que o morto tinha seguido sua vida de acordo com os preceitos de maat),então ele poderia viver sua nova vida. (cf, RIBEIRO,2014,p.68)

Se o coração se mostrasse mais pesado o morto teria seu coração devorado por uma criatura hibrida com cabeça de crocodilo (Ammit), portanto nesse caso acreditava-se que o morto simplesmente deixaria de existir, tornando-se um “mut, um morto de fato. (cf, RIBEIRO,2014,p.68)

Referências
Artur da Silva Rodrigues é Graduando de licenciatura em História pela Universidade de Pernambuco (Campus Mata Norte.)
Email: artursr@bol.com.br

ANÔNIMO. O Livro dos Mortos do Antigo Egito: o primeiro livro da humanidade. Tradução de Edith de Carvalho Negraes.
MATIAS, Keidy Narelly Costa. O Papiro de Ani: Uma análise iconográfica Através dos Recursos do Projeto Maat. Departamento de História. UFRN.P. 4-7.
RIBEIRO, Henrique Pereira Ribeiro. Cosmologia e Morte no Egito Antigo: O tribunal de Osíris.Monografia.Rio de Janeiro. UFRRJ, 2014.P. 48-68.

57 comentários:

  1. Fiquei com duvida com relação ao que você quis dizer sobre os 70 dias do período de mumificação. Se referia a duração do processo ou que a mumificação só ocorria de fato após 70 dias da morte?

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    1. Olá Douglas, me refiro a duração do processo de mumificação que geralmente tinha essa duração (70 dias), duração essa que estava ligada ao ciclo da estrela Sirius que era eclipsada pelo sol e somente reaparecia após essa quantidade de tempo.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  2. Oi, tenho uma dúvida. Se o papiro dá instruções para o pós morte (acho que é isso, pelo que entendi), o que fazia quem não possuía o mesmo?
    Heitor Luciano Mendonça.

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    1. olá Heitor, quem não o possuía ficava sem instruções do que fazer e praticamente a própria sorte, daí a importância de tê-lo, todos enfrentariam o pós morte independentemente de serem mais ou menos abastados, contudo, somente os mais ricos teriam instruções que ajudariam na sua jornada após a morte contidas no papiro.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  3. Tenho dúvidas em relação a como funciona o processo de preparar e sepultar o corpo de egípcios de classes mais baixas, já que no seu texto fica claro que a crença no pós morte era comum em toda a sociedade, independente de classe, e que o material era de custo elevado.
    Thais de Albuquerque Mathias

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    1. Olá Thais, as classe mais baixas também passavam por processos de preparação e sepultura do corpo, entretanto de maneira extremamente simples, geralmente recebiam misturas corrosivas pelo anûs afim de dissolver seus órgãos mais rapidamente, os corpos eram então enfaixados com peles de animais sendo enterrados em covas pouco profundas no deserto.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  4. Na questão do Nome, pode-se dizer que se um individuo escolhesse um nome "sagrado" como tributo a um ser divino ou a um faraó. era com esperança de ser abençoado por aquele cujo tem o mesmo nome homenageado?


    att: Ana Paula Lima Cunha

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    1. Olá Ana Paula, de certo modo sim, eles acreditavam que o significado de seus nomes trariam para o seu dono bênçãos ou desgraças, inclusive a troca de nome era utilizada como punição para transgressões.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  5. Parabéns pelo texto, muito interessante. O chamado livro dos mortos apresenta os ritos que guiavam os mortos até o julgamento, e eram realizados até mesmo pelos faraós, mas se o faraó era considerado um deus vivo, porque ele passava por esse processo? O livro traz alguma informação direcionada apenas para o faraó?
    Cristiano Santos Carmo

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  6. Existe algum outro documento egípcio que se refira à vida no além-túmulo, ou o papiro de Ani é o único conhecido?
    Cristiano Santos Carmo

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    1. Apesar de ser extremamente escasso este tipo de material, pouquíssimos sobreviveram ao tempo, além do papiro de Ani, existe também o Papiro de Nebqed, como também os Textos da Pirâmide de Unas.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  7. Ana Paula Sanvido Lara1 de outubro de 2018 às 16:34

    Caro Artur, minha dúvida é: o povo hebreu passou muito tempo exilado entre os egípcios. No Antigo Testamento encontramos a crença de que os mortos ficavam no Xeol, independente de serem bons ou não. Porém, o cristianismo resgata a ideia de julgamento, sendo a alma considerada boa e portanto com direito à vida na presença divina, ou má, e portanto deveria passar a eternidade num local de luto e sofrimento. Qual a influência da crença dos egípcios nessa crença cristã?
    Outra dúvida: no texto você comenta sobre a mudança de um nome que traz sorte para um que traria azar como forma de punição. Também no Antigo Testamento encontramos diversos casos onde ocorreu uma mudança de nome quando o indivíduo passa a seguir o Deus hebreu. Como os patriarcas passaram também pelas terras egípcias, podemos consideram que uma crença influenciou a outra?

    Ana Paula Sanvido Lara

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  8. Boa tarde,
    Em relação ao livro dos mortos, como não era acessível à todos, o que os demais poderiam fazer para garantir uma passagem segura para o pós vida?

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    1. Boa noite, infelizmente não se tinha muito o que fazer, muitos tentavam ao máximo garantir que iriam possuir um exemplar na sua morte, o que na maioria das vezes não acontecia, aqueles que não o possuíssem teriam que enfrentar o processo de passagem sem as regalias do livro dos mortos.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  9. Boa tarde,

    Em relação ao nome, esse era atribuído pelos pais e os demais nomes pelo Faraó ? Como essa escolha ocorria?

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  10. Artur da Silva Rodrigues muito interessante seu ensaio, porém me despertou uma dúvida, no que diz respeito ao ritual de sepultamento egípcio, eu gostaria de saber se além do processo de mumificação descrito em sua fala, e de acordo com o Livro dos Mortos se existiam outros procedimentos que deveriam ser realizados, por exemplo nas câmaras mortuárias, para o melhor sepultamento do morto e assim garantir sua vida além túmulo?

    Bianca Maria da Silva Costa

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  11. Boa noite Artur,
    Primeiramente, obrigado por nos transmitir tais conhecimentos. Segundamente, o que levou a essa acessibilidade cada vez maior ao livro dos mortos, como mencionou ali em cima?
    Atenciosamente,
    Daniel Borges da Fonseca

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  12. Boa noite Artur,
    Como se dava esse nome secreto? A pessoa o inventava? E como as pessoas tinham acesso a ele para colocar na tumba?
    Atenciosamente,
    Daniel Borges da Fonseca

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    1. olá Daniel, O nome secreto na verdade era o nome real do individuo, saber o seu nome real significava ter uma poderosa ferramenta para fazer magia para o seu dono, seja ela benéfica ou não, inclusive era comum o uso de criptografias para evitar tais problemas.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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  13. Boa noite,
    Tema instigante, me ocorreu uma duvida: Considerada a grande importância dada ao pós- morte, e a complexidade dos ritos funerários, estes não estariam acessíveis à todos os extratos sociais. Haveriam ritos acessíveis à população menos abastada?
    Atenciosamente
    Vitoria C. S. Beira

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  14. O Livro dos Mortos do Antigo Egito é sinônimo de "Saída para o Dia", essa obra contém feitiços,orações,hinos e fórmulas mágicas que guiam os mortos para o além Vida!Quem poderia possuir esse Livro?
    Anderson Lúcio.

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    1. olá Anderson, levando em consideração o custo bastante elevado dos papiros que eram escritos por escribas, a chance da população mais pobre de possuí-lo era muito pequena, a parcela da população mais rica e ligada de forma mais direta ao faraó era a que na grande maioria das vezes o possuía.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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  15. Olá, como vivemos num mundo em que tudo remetemos ao que é visual, você tem conhecimento de materiais que possuam imagens que representem o tribunal de Osíris e seu processo?
    Lorena Raimunda Luiz

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  16. olá parabéns pelo seu trabalho, gostaria de saber se assim como na cultura judaica cristã, na qual se tem a separação do corpo e da alma não se tem na religião egípcia, pelo que entendi ambos estão conectados porque não se deixar o corpo parecer?
    Att: Camila Nascimento de Amorim.

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    1. Olá Camila, obrigado pela sua pergunta, a necessidade de se conservar o corpo se dava ao fato de que o mesmo seria utilizado na vida após morte acreditava-se que a alma não voltaria ao corpo se ele não estivesse bem conservado.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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  17. Boa noite, primeiramente parabéns pelo trabalho, foi fonte de uma interessante leitura. Esse processo de mumificação era destinado a todos os egípcios? Senão, o que acontecia com os demais? Teriam vida após a morte?
    Camilla Mariano

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    1. Boa noite Camilla, todos independentemente de sua classe social tinham vida após a morte, o processo de mumificação acontecia tanto com os mais ricos quanto com os mais pobre, a diferença é que o primeiro tinha um processo mais duradouro e bem trabalhado com todos os cuidados e regalias, os mas pobres tinham um processo de mumificação extremamente simples, eram envoltos em peles de animais e enterrados em covas rasas no deserto.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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  18. Artur, olá. Parabéns pelo excelente ensaio. Uma vez que todos os egípcios acreditavam na vida após a morte, mas poucos tinham acesso ao livro dos mortos e ao processo de mumificação, então a segunda morte seria tão temida quanto a primeira. Pois não passar pelo julgamento ou nem mesmo ter acesso a ele determinaria o fim. Existia alguma outra possibilidade, uma vez que a divisão social se estendia na vida após a morte?

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    1. Olá Joseane, ninguém ficava de fora do processo do julgamento, e todos participavam do processo de mumificação, entretanto de modo diferente, os mais ricos tinha um processo de mumificação mais bem trabalhado os mais pobres tinhas seus órgãos dissolvidos sendo enterrados em covas no deserto.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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  19. Bom dia!
    Tudo bem, Artur?
    O ensaio nos faz verificar que o coração mensura as tonalidades da vida, essencialmente, após a morte. Diante disso, gostaria de saber se havia, entre os egípcios, Códigos de Postura, para nortear a vida antes da morte com o propósito de garantir a leveza do coração, posto que, conforme o vosso ensaio, o peso do coração era crucial para definir as possiblidades de uma vida após a morte.
    Arcângelo da Silva Ferreira.

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  20. Rejane Ferreira dos Santos3 de outubro de 2018 às 12:40

    Parabéns pelo texto, minha pergunta é: qual a finalidade para que o corpo fosse mumificado, era somente para garantir que a vida após a morte fosse plena, ou havia alguma crença em uma possível volta do mundo dos mortos?

    Rejane Ferreira dos Santos.

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    1. Olá Rejane, a mumificação se fazia necessária para garantir que quando o individuo voltasse, o seu corpo estivesse preservado.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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  21. Por gentileza, qual é a relação que a população egípcia atual têm com a religião do Egito Antigo? Além do respeito aos antepassados, ainda há crença nas mesmas ideias religiosas? Obrigada!

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    1. olá Gislaine, o cenário político e principalmente religioso atual do Egito é bem diferente do que se encontrava no Antigo Egito, atualmente o país possui em sua maioria o islamismo sunita, o que difere bastante tendo em mente que a religião era politeísta na antiguidade.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  22. boa tarde eu gostaria de saber se todos os egípcios passavam por processo de mumificação?

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    1. Boa noite Beatriz, sim todos passavam, de modo diferente de acordo com sua posição social.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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  23. Nos dias atuais, a sociedade egípcia clássica ainda utiliza alguns ensinamentos do livro dos mortos em seus rituais funerários?

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  24. Nos dias atuais, os Egípcios ainda seguem os rituais e as praticas citadas neste trabalho?

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    1. Olá Camila, a influência dos egípcios na medicina e na preocupação com a vida após a morte é inegável, entretanto essas práticas não continuam a serem realizadas.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  25. Olá, Artur!
    Tudo bem com vc?

    Antes de qualquer coisa, parabéns pelo estudo.

    Enquanto lia o seu trabalho, fazia a transposição para o nosso momento e sociedade. Por aqui, ainda, é um tabu falar da morte. Temos uma distância constrangedora da morte. Na verdade, temos medo, preconceito. Afinal, a morte é a consumação da nossa pequenez. A traição da vida e o abalo da nossa visão ensimesmada e superestimada. Penso que a tranquilidade e o preparo diante da morte é um importante legado da civilização egípcia para nós.

    O que vc acha disso?

    Abraços!

    Antonio José de Souza
    Itiúba/Bahia.

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    1. Olá Antonio, tudo bem, parabéns pela reflexão, de fato os egípcios tinha uma tremenda preocupação com a morte e o que viria após a mesma, além de um grande conhecimento sobe medicina e outras áreas, hoje temos uma sociedade dividida entre várias religiões, contudo do catolicismo ao espiritismo a preocupação com o que vem depois da morte se faz presente na grande maioria das doutrinas, os egípcios nos fazem pensar e observar que a vida pós morte é algo natural e motivo da preocupação humana desde a antiguidade.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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  26. Saudações Prof. Arthur, excelente explanação, congratulações. O sr. menciona sobre o livro dos mortos egípcio, minha pergunta é: é considerado um mito a cidade dos mortos de Hamnaptra e o livro dos mortos é considerado um artefato que segundo informações foi encontrado aos pés da estátua do deus Anubis? Todas essas informações são reais ou mera lenda e ou ficção? Desde já grato a atenção.

    Prof. Dr. James Magalhães

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  27. Oi Artur. Parabéns pelo seu texto. Quais os significados/simbolismos acerca do escaravelho dentro da cultura egípcia? Obrigado! Abraço!

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    1. Olá Maicon, o escaravelho era considerado um animal sagrado pelos egípcios comparado com o sol, o animal deposita ovos dentro de uma bolota de onde saem seus filhotes que comparado ao sol é visto como fonte de vida e da criação. Abraço.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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  28. Olá Arthur. Primeiro gostaria de parabenizá-lo por seu artigo, muito interessante. Mas fiquei em dúvida em relação ao nome/ren, pois lembrei de um mito egípcio que conta a história de como a deusa Ísis conseguiu o nome secreto de Rá porque em seu nome residia seu poder. Então, uma pessoa egípcia, seja um faraó ou um simples camponês, possuíam mais de um nome?

    Amanda Martins Olegário

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    1. Olá Amanda, Sim existiam diferentes categorias do nome, o institucional ligado a função exercida pelo individuo, os nomes religiosos ligado a devoção pessoal, e o nome secreto que era o verdadeiro nome de um ser ou indivíduo.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  30. A civilização egípcias é uma das mais facinantes. O texto sobre o livro dos mortos é bastante interessante.

    Mariana Silva Lopes

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  31. Olá Artur, obrigada por responder minha pergunta anterior.
    Tendo em vista que poucos sabiam ler, como era passado para população o conteúdo do livro dos mortos ? E quando essa crença decaiu ?
    Thais de Albuquerque Mathias

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  32. Boa tarde, como mencionado no julgamento vários deuses participavam, no qual poderia existir mais de 42 deuses para auxiliar no processo de julgamento do falecido, quais seriam os principais?
    Priscila Fachini de Souza

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    1. Ola Prsicila, Boa noite os principais eram Anúbis, Osíris e Maat.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  33. Olá, excelente tema porém tenho uma dúvida,qual era a crença deles sobre a vida pós morte? Eles acreditavam em céu(paraíso) e inferno pós morte semelhante ao catolicismo?
    Gabriela nascimento da Silva

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    1. Olà Gabriela, os egipcios acreditavam que continuariam vivendo após o julgamento seria uma segunda vida, apesar da preocupaçao com a vida após a morte, o ceu e inferno catolicós sao bem diferentes do pós morte egípcio.

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      Artur da Silva Rodrigues

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  34. Olá Artur! Muito interessante o seu artigo!
    Gostaria de perguntar a respeito do Ba, que dava "mobilidade" ao morto. Essa mobilidade que é mencionada é em qual plano? No físico, ou seja, dos vivos?
    Se não me engano os antigos egípcios tinham medo de serem atormentados pelos mortos. O Ba seria o responsável pelos mortos agirem no plano dos vivos?

    Elenice Borges

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  35. Oi Arthur, parabéns pelo excelente trabalho! Uma pergunta, visto que o papiro era caro, e devido a isso o acesso ao livro dos mortos ser muito restrito, você saberia dizer qual era a concepção dos egípcios, sobre o que acontecia na jornada pós vida, para aqueles que não possuísse o livro dos mortos?
    Parabéns novamente!
    Att.
    Edimar Ribeiro dos Santos Junior.

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    1. Olà Edimar, quem não possuía o livro dos mortos ficava a própria sorte, sem tais instruções e os egípcios sabiam da importancia de se ter o mesmo.

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      Atenciosamente
      Artur da Silva Rodrigues

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