Débora Dorneles Uchaski

A CULTURA ÁRABE MUÇULMANA E O CINEMA: O RETRATO DO ÁRABE MUÇULMANO GERADO PELO CINEMA HOLLYWOODIANO

Desde a década de 70 até os dias atuais, podemos perceber um imenso esforço do cinema hollywoodiano de representar diversas culturas periféricas, entre elas a cultura árabe-muçulmana. Porém, as imagens organizadas por esses estúdios cinematográficos têm vindo a décadas carregadas de estereótipos fundamentando ideologias das mais diversas a respeito da visão ocidental sobre o “Outro”, O presente artigo dedica-se a estudar a representação da cultura árabe-muçulmana no cinema e analisar se houve alterações de sua imagem com o decorrer da história, salientando a importância de trabalhar tais temáticas em sala de aula. Para isso, foram analisados 21 filmes com representações árabes e muçulmanas criados por Hollywood nas décadas de 70, 80, 90 e pós atentado de 11/09 as torres gêmeas nos EUA.

Em relação a leitura histórica do filme, podemos partir da premissa que o cinema é um testemunho da sociedade que o produziu, aderindo um caráter de fonte documental para a História. Para utilização de tais recursos é necessária cautela. Primeiro, porque a análise não será de uma forma direta, o historiador deverá se distanciar da visão mecânica para poder enxergar através das entrelinhas do filme, é necessário também que o historiador se volte para a análise da estética do filme e a linguagem cinematográfica que está ligada a sociedade que a produziu. Ou seja, buscar os elementos da realidade através da ficção.

A análise de um filme possui infinitas possibilidades, algumas películas, por exemplo, podem ser muito importantes para reconstrução dos gestos, dos vestuários, do vocabulário, da arquitetura e dos costumes da época.

“O filme, aqui, não é considerado do ponto de vista semiológico. Não se trata também de estética ou história do cinema. O filme é abordado não como uma obra de arte, porém como um produto, uma imagem-objeto, cujas significações não são somente cinematográficas. Ele vale por aquilo que testemunha. Também a análise não trata necessariamente da obra em sua totalidade; pode apoiar-se em resumos, pesquisar “séries”, compor conjuntos. A crítica não se limita somente ao filme, integra-o no mundo que o rodeia e com o qual se comunica necessariamente (...). Nessas condições, empreender a análise de filmes, de fragmentos de filme, de planos, de temas, levando em conta, segundo a necessidade, o saber e o modo de abordagem das diferentes ciências humanas, não poderia bastar. É necessário aplicar esses métodos a cada substância do filme (imagens, imagens sonoras, imagens sonorizadas), às relações entre os componentes dessas substâncias; analisar no filme principalmente a narrativa, o cenário, o texto, as relações do filme com o que não é o filme; o autor, a produção o público, a crítica, o regime. Pode-se assim esperar compreender não somente a obra como também a realidade que representa (FERRO, 1989, p.203).”

Portanto, os filmes são como documentos: históricos, e contenedores de elementos que lhe são inseridos de maneira consciente ou não. Mas que retratam uma ideologia ligada a sociedade que o produziu. Por isto, Marc Ferro defende que devemos fazer uma análise do filme em si, mas também ligarmos a quem os produziu, que tipo de sociedade estão inseridos.

Devemos partir da premissa de que o cinema é um agente na construção das representações e do inconsciente coletivo, ou seja, deve ser analisado pelas ciências sociais, por ser um instrumento de cooptação ideológica, política e social.

Sandra Pesavento salientará como é importante entender que o sistema de representação pode estar carregado de fatores ideológicos, políticos e sociais. “Mostrando que as representações são carregadas de simbolismos, dizendo muito mais do que aquilo que mostram ou enunciam, carregadas de sentidos ocultos, a qual construídos em meio social e historicamente, acabam por se internalizar no inconsciente coletivo, se apresentando como naturais (PESAVENTO, 2003, p.41)”. Dando legitimidade a representações muitas vezes trazidas por uma visão eurocêntrica com intuito de inferiorização e degradação de culturas, para fins políticos e de colonização.

E assim, vem ocorrendo com a representação da cultura árabe-muçulmana, o Ocidente detentor desse poder simbólico, tem utilizado de ferramentas como o cinema para conseguir penetrar no inconsciente coletivo e normalizar a ideia preconceituosa de que árabes- muçulmanos são culturalmente inferiores e representam um perigo iminente: “Existe, afinal, uma profunda diferença entre o desejo de compreender por razões de coexistência e de alargamento de horizontes, e o desejo de conhecimento por razões de controle e dominação externa. ” (SAID, 2007, p.15)

A criação de estereótipos pelo Ocidente representando o Oriente, tem a tendência de generalizar e depreciar a cultura oriental, ou seja, “são carregadas de julgamentos e pressupostos tácitos ou explícitos a respeito de seu comportamento, sua visão de mundo ou sua história. (FREIRE, 2005, p.22)” Exemplos disso, é a criação de estereótipos do homem árabe-muçulmano como violentos, terroristas, atrapalhados, fanáticos e até mesmo irracionais, assim como o da mulher que aparece primeiramente como a dançarina do ventre, e posteriormente como terrorista, submissa, subjugada, oprimida.

“Na demonização de um inimigo desconhecido, em relação ao qual a etiqueta “terrorista” serve ao propósito geral de manter as pessoas mobilizadas e enraivecidas, as imagens da mídia atraem atenção excessiva e podem ser exploradas em épocas de crise e insegurança do tipo produzido pelo período pós Onze de Setembro (QUMSIYEH, 2014, p. 22 apud AGUIAR, et. al., s/d)

Logo, devemos ressaltar que a dominação cultural, não está relacionada somente a forma e os atributos de expressão de uma sociedade, mas sim que ela ultrapassa todas as esferas sociais possíveis atingindo a esfera política e do poder, a dominação. Portanto, devemos perceber que a criação de uma imagem com olhar orientalista sobre a cultura árabe, sendo ela majoritariamente pejorativa e carregada de estereótipos, é na verdade uma ferramenta de cunho político, para inferiorizar determinada cultura e enaltecer outra. Criando um “terror” ao indivíduo árabe-muçulmano e legitimando o avanço do imperialismo predatório nessas regiões.

Podemos entender como ponto de partida deste processo de aumento da estereotipificação a cultura árabe-muçulmana a partir da Crise do Petróleo que se abate ao mundo na década de 1960, quando países ricos do bem natural (Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Venezuela) fundam a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), reivindicando o poder de estabelecer os preços do Petróleo, combatendo o monopólio estabelecido pelo cartel das grandes empresas ocidentais (Royal Dutch Shell, Standard Oil, Mobil, Standard Oil of California, Chevron, Gulf, BP). Em seguida, outros países se juntaram a OPEP, entre eles temos Líbia, Nigéria, Argélia, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Indonésia e Equador.

Tal fator, prejudica consideravelmente a economia ocidental, já que a décadas dominavam as negociações do preço do petróleo através de seus monopólios adquirindo o bem natural a preços baixos. Outro fator que pode ter colaborado para esse desequilíbrio de oferta e procura do petróleo, é que países pertencentes à OPEP passaram a sofrer processos de nacionalizações e uma série de conflitos, entre eles podemos citar a Guerra de Seis Dias (1967), Guerra do Yom Kipur (1973), Revolução Islâmica no Irã e Guerra Irã-Iraque (1978-1981). Cabe salientar, que em forma de retaliação a participação dos EUA e da Holanda na Guerra do Yom Kipur, a OPEP embargará a exportação de petróleo para tais países. E em apenas cinco meses o preço do barril de petróleo irá ter um reajuste de 400% (17/10/1973 – 18/3/1974), com um novo aumento de 100% na conferência de Teerã em 23 de dezembro. (SARKIS, 2006), desencadeando a primeira fase da Crise do Petróleo.

Devemos lembrar que a criação da Agência Internacional de Energia, criada pelo ocidente, ocasionou o bloqueio da OPEP, que além disso foi vítima de atentados da extrema-esquerda árabe. Assim, o resultado foi uma série de dificuldades sociais que geram um caldo de cultura para o esquerdismo, e posteriormente, para o fundamentalismo islâmico. (VISENTINI, 2014, p.40)

A Crise do Petróleo iniciada na década de 1960, conflitos armados entre Israel e países muçulmanos, movimentos anti-imperialistas e antissemitas, podem ter sido o ponto culminante, para que o cinema hollywoodiano tenha intensificado a utilização de filmes como um instrumento ideológico fomentando a representação pejorativa e estereotipada destes sujeitos.

Cultura Árabe e a representação das décadas de 1970 a 1990
O Ocidente neste período ainda estava emergido em outros conflitos, como ideologias anticomunistas, a bipolaridade EUA contra URSS e vivendo uma forte crise econômica. Portanto, os estereótipos pejorativos e degradantes do árabe-muçulmano serão reforçados no cinema nas décadas de 1970 e 1980, ainda que divida o espaço com outros personagens estereotipados como chineses e russos.

Para trabalharmos os estereótipos degradantes do árabe-muçulmano reforçados pelo cinema hollywoodiano nas décadas de 1970, 1980 e 1990, partiremos da estereotipificação das terras orientais. O mito da “Arabland”, representará o Grande Oriente Médio 6 como um local “atrasado” e de clima quente demais. Onde teremos um deserto muito perigoso cheio de armadilhas, saqueadores, tempestades de areia, areia movediça (que engolem um ser humano inteiro 7), cheio de insetos como gafanhotos e escorpiões, obtendo apenas pequenos oásis e algumas palmeiras como refúgio, sendo esta a única representação dada ao local. Veremos isto em filmes da década de 1980 e 1990 como em Indiana Jones e os caçadores da Arca Perdida (1981), Sahara (1983) ou em Alladin (1992), porém continuaremos a ver a utilização da estereotipificação das terras áridas do Oriente em filmes como Três Reis (2000), Mar de Fogo (2004) e Príncipe da Pérsia (2010).

As cidades serão representadas, como locais de pouco desenvolvimento urbano e de falta de saneamento básico e segurança, onde as pessoas dividem pequenos espaços de moradia. Local onde a desigualdade social e a violência está fortemente presente. Alguns filmes trarão essa representação claramente, como é o caso de Alladin (1992) e Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981). Outros filmes ainda poderiam ser citados para complementar a análise, entre eles temos: Guerra ao Terror (2008), O Reino (2007), Castelo de Areia (2015), Sniper Americano (2015), entre outros. Ou seja, teremos uma continuidade na inferiorização dos países orientais, caracterizando-os como “atrasados”, “incivilizados”, etc. Teremos filmes desde a década de 1970 até os dias atuais retratando-os de tal maneira.

Porém, de forma contraditório, na década de 1970 e 1980 teremos o surgimento da figura do “xeique” indivíduo rico, em função de seu poder sobre o petróleo, mas, ao mesmo tempo, gastando seu dinheiro tolamente e obcecado pelo ocidente e por mulheres americanas. Tal estereótipo aparece nos filmes Rede de Intrigas (1976), Cannonball Run II (1984), 007: Nunca Mais Outra vez (1983), Sahara (1983), Amor Impossível (2012), entre outros.

A visão do árabe como um “bárbaro” e como um sujeito violento são estereótipos muito utilizados pelo cinema hollywoodiano, apresentando-os como incivilizados, montados em seus cavalos, com espadas e armas, utilizando turbantes. Temos este estereótipo claramente em Sahara (1983), um filme que mostrará a brutalidade do árabe do deserto em suas lutas tribais, promovendo uma violência irracional. Outro filme que mais tarde trará essa representação é o Gladiador (2000).

Outro fator interessante, é que mesmo em filmes onde o roteiro não tem relação com árabes, muitas vezes são utilizados para representar um vilão, ou um perigo iminente. Como é o caso do já citado Rede de Intrigas (1976) e De volta para o futuro (1985): “Ao mesmo tempo, ao sustentar seus privilégios tanto com sua glória quanto com o envilecimento do colonizado, ele se obstinará em envilecê-lo. Utilizará para retratá-lo as cores mais sombrias; agirá, se for preciso, para desvalorizá-lo, para aniquilá-lo.” (MEMMI, 2007, p.92)

O estereótipo de árabe atrapalhado, violento, mas ineficaz, legítimos bufões, vem se fortalecendo gradualmente ao longo do tempo. O veremos, no já citado, De Volta Para o Futuro (1985), True Lies (1994), Indiana Jones e os caçadores da Arca Perdida (1981) e Três Reis (2000).

Terrorismo e o atentado de 11/09
Até que em 11 de setembro de 2001, ocorre o atentado terrorista ao World Trade Center nos EUA. Mudando essa representação do árabe-muçulmano, que passa de violento e ineficaz, para a representação de um terrorista antiocidental, com intuitos violentos e pretensões de aniquilamento de massas. Teremos um grande marco divisor dos estereótipos de árabes e muçulmanos. O atentado de 11 de setembro de 2001, onde aviões foram jogados contra ao World Trade Center em Nova York e contra o Pentágono em Washington, nos EUA. Tal ato, traumatizará a sociedade americana e o mundo por sua audácia, “atingindo pela primeira vez o território metropolitano americano golpeando os maiores símbolos do poder financeiro e militar dos EUA (e do Ocidente).” (VISENTINI, 2014, P.99). Tramado por Osama Bin Laden, líder da organização Al Qaeda e pelo regime talibã do Afeganistão. O atentado desencadeará uma guerra contra o terrorismo, liderada por Bush (presidente norte-americano), iniciando sua ação invadindo o Afeganistão. Paulo Visentini nos dirá ainda que a “expressão “terrorismo” passou a integrar a linguagem cotidiana em todo o mundo.” (VISENTINI, 2014, p.97)

E mais do que nunca, a figura do árabe-muçulmano ficará agregada ao terrorismo e ao fanatismo religioso. A forma como o homem árabe-muçulmano passa a ser retratado terá uma guinada bastante radical no cinema hollywoodiano após o atentado ao World Trade Center em 2001. Ele será estereotipado como terrorista, fanático, irracional, assassino de americanos, e diferentemente do estereotipo das décadas de 70 a 90, ele será considerado como um perigo iminente. Tal representação contribuirá para o aumento da xenofobia e islamofobia, reproduzindo uma série de filmes com alto nível ideológico, penetrando no inconsciente do telespectador com ideias de endeusamento do soldado americano e intensificando o racismo e a intolerância religiosa contra o árabe-muçulmano. Alguns filmes que retratam essa realidade são: O homem mais procurado (2014), Guerra ao Terror (2008), Sniper Americano (2015), 13 horas: Os soldados secretos de Benghazi (2016), etc.

“Ele apelará, portanto, para as qualidades de sua pátria de origem, celebrando-as, amplificando-as, insistindo em suas tradições particulares, em sua originalidade cultural. Assim, no mesmo movimento, ele terá afirmado sua própria pertença a esse universo afortunado, sua ligação nativa, natural, à metrópole, e a impossibilidade do colonizado de participar desses esplendores, sua heterogeneidade radical, a um só tempo infeliz e desprezível.” (MEMMI, 2007, p.96)

Mulher árabe-muçulmana
O retrato da mulher árabe-muçulmana no cinema hollywoodiano é dividido em duas representações: primeiramente teremos a imagem da odalisca, com roupas sensuais e na maioria das vezes em tabernas, como veremos em filmes com Sherlock Holmes: O Enigma da Pirâmide (1985) e Alladin (1992). Por mais que a imagem trazida pelo cinema não venha representar a realidade, temos que compreender que o homem ocidental, que vive em uma sociedade machista e patriarcal, deseja ver o corpo da mulher árabe desnudo.

Porém podemos notar através da análise dos filmes, que após o atentado de 11/09, teremos uma alteração na representação da mulher árabe-muçulmana, aparecendo desta vez como uma mulher oprimida, subjugada, sempre utilizando de suas burcas pretas, aparecendo quase sempre em segundo plano ou então ligadas aos grupos terroristas através de seus cônjuges.

“As mulheres do mundo muçulmano constituem objetos de fascínio para o Ocidente: ontem “fantasia orientalista”, a sensual criatura do harém; hoje vítima de opressão, velada e genitalmente mutilada. Ambas as imagens representam um Oriente estereotipado, tanto voluptuoso quanto cruel,  mas sempre e uma alteridade aparentemente intransponível.” (DEMANT, 2008,p.148)

Veremos isto mais claramente, em filmes como O Reino (2007), Guerra ao Terror(2008), Sniper Americano (2014) e 13 horas: Os Soldados Secretos de Benghazi (2016). Outro ponto interessante é que as mulheres árabes-muçulmanas aparecem quase sempre em segundo plano, nunca ganham muita ênfase e quando aparecem normalmente são em cenas onde estão sendo oprimidas ou cúmplices dos atos terroristas de seus maridos, irmãos, pais. Para exemplificação do retrato da mulher árabe-muçulmana em segundo plano, podemos citar o filme Syriana – A indústria do Petróleo (2005) e o filme Três Reis (2000).

Ao longo da análise, podemos verificar que a alteração da representação da mulher árabe-muçulmana, não se dá como uma denúncia ao feminismo ocidental (para que este venha intervir pela mulher oriental). A tese que sustento é que por mais que estejam surgindo grupos de debates sobre a situação da mulher árabe-muçulmana, ainda é um debate muito embrionário, nos levando a crer que os propósitos desta alteração, nada tem a ver com a manifestação feminista, mas sim com a vilificação do homem árabe-muçulmano, que aparece cada vez mais como um indivíduo fanático, insano, radical, violento e opressor da sociedade em que vive e até mesmo de sua própria família. O que desumaniza esse indivíduo permitindo que seja combatido sem grandes repercussões, ou seja, legitima sua morte por ser um homem “insano, intolerante, misógino, machista, torturador, etc”.

A importância de trabalhar estes conteúdos em sala de aula
Trabalhar conceitos tão importantes como estereótipos, orientalismo e racismo são de suma importância na formação de nossos estudantes. Em nossa atualidade, estamos vivendo diversos acontecimentos ocorrendo paralelamente, entre eles podemos citar a imigração em massa de refugiados do Oriente Médio em busca de uma vida melhor e longe de zonas de conflito e interesses petrolíferos. Porém com a disseminação desta ideologia xenofóbica e islamofóbica, fomentada pelo cinema americano e por outras mídias desde a década de 1970, temos de imediato um choque cultural muito maior. Tanto, que se tornou comum o ataque a estas pessoas em função da sua raça ou religião.

Portanto se faz fundamental o trabalho em sala de aula com o intuito de desconstrução dessa ótica eurocêntrica e orientalista a fim de despertar no educando um olhar crítico ao que lhes é ofertado pela mídia de massas. Trazendo novas perspectivas e visões a fim de romper com estereótipos e com o estranhamento a culturas diferentes da que estão inseridos, visando que alcancem um pensamento mais ambíguo e tolerante.

Minha proposta, é que utilizemos do próprio cinema para desconstruir essa visão estereotipada e pejorativa de outras culturas, elencando antagonismos nos filmes hollywoodianos, e contrastando com a História, a fim de incentivar a formação de uma consciência crítica.

Considerações finais
Considera-se, portanto, que o cinema hollywoodiano tem sido utilizado para fins políticos e imperialistas, estereotipando a cultura árabe e muçulmana através de estereótipos degradantes objetivando a inferiorização destas etnias e religião, para legitimação da intervenção norte-americana em zonas de interesse petrolífero, utilizando como desculpa a “guerra ao terror”. Para que o mundo aceite esta intervenção, é necessária uma ideologia de massas, a qual utilizam de diversos recursos, entre eles o cinema.

Cabe ainda dizermos que durante a análise das fontes cinematográficas foi verificado a imposição do cinema hollywoodiano, ligando a violência ao Islã, gerando no subconsciente coletivo uma ideia errada sobre tal religião. Lembrando que o Islamismo é uma religião voltada a paz.

Uma das maiores dificuldades encontradas pela pesquisa foi delimitar e utilizar apenas 21 filmes, pois durante o processo de pesquisa o número de filmes do cinema hollywoodiano e europeu assistidos e que retratam a cultura árabe-muçulmana alcançou o número de 80 filmes, espero poder dar continuidade nesta pesquisa a fim de utilizar esta grande gama de fontes cinematográficas para análise do retrato da cultura árabe muçulmana criada pelo Ocidente.

Referências
Autora: Débora Dorneles Uchaski é Graduada em Licenciatura em História pela Faculdade Porto-Alegrense. E-mail: duchaski@gmail.com
Orientado pelo professor Mestre Walter Günther Rodrigues Lippold

Filmes:
007 – Never Sain, Never Again. Direção: Irvin Kershner. Produção de TaliaFilm II Productions, Woodcote. 1983. Color. 134 min.
13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi. Diretor: Michael Bay. Produção de Paramount Pictures. 2016. Color. 144Min.
ALLADIN. Direção: Ron Clements, John Musker. Produção de Walt Disney Pictures.1992. Color. 90Min.
AMOR Impossível. Diretor: Lasse Hallström. Produção de UK Film Council, BBC Films. 2011. Color. 107 min.
CANNONBALL Run II. Direção de Hal Needham. Produção de Golden Harvest Company.1984. Color. 108 min.
CASTELO de Areia. Diretor: Fernando Coimbra. Produção de The Mark Gordon Company. 2017. 113 min.
DE VOLTA para o Futuro. Direção de Robert Zemeckis. Produção de Universal Pictures.1985. Color. 116 min.
GLADIADOR. Diretor: Ridley Scott. Produção de DreamWorks, Universal Pictures. 2000. Color. 171 min (extended edition).
GUERRA ao terror. Diretor: Kathryn Bigelow. Produção de Voltage Pictures. 2008. Color. 131 min.
INDIANA Jones e os Caçadores da Arca Perdida. Direção de Steven Spielberg. Produção de Paramount Pictures, Lucasfilm. 1981. Color. 115 min.
MAR de Fogo. Diretor: Joe Johnston. Produção de Touchstone Pictures. 2004. Color. 136 min.
O ENIGMA da Pirâmide. Direção de Barry Levinson. Produção de Amblin Entertainment, Industrial Light & Magic (ILM), Paramount Pictures. 1985. Color. 109 min.
O HOMEM mais procurado. Direção de Anton Corbijn. Produção de Lionsgate. 2014. Color. 122 min.
O REINO. Diretor: Peter Beng. Produção de Universal Pictures. 2007. Color. 110 min.
PRÍNCIPE da Pérsia: As Areias do Tempo. Diretor:Mike Newell. Produção de Walt Disney Pictures. 2010. Color. 116 min.
Reel Bad Arabs: How Hollywood Vilifies a People. Direção: Sut Jhally. Produção: Media Education Foundation, 2006. 50 min, cor.
REDE de Intrigas. Direção de Sidney Lumet; Produção de United Artists; Metro Goldwyn MGM, 1976. 120 min.
REGRAS do Jogo. Diretor: William Friedkin. Produção de Paramount Pictures. 2000. Color. 128 min.
SAHARA. Direção de Andrew V. McLaglen. Produção de Cabal Film, Cannon Group, Golan-Globus Productions. 1983. Color. 111 min.
SNIPER Americano. Diretor: Clint Eastwood. Produção de Warner Bros.. 2014. Color. 114 min.
SYRIANA – A indústria do Petróleo. Diretor: Stephen Gaghan. Produção de Warner Bros. 2005. Color. 128 min.
TRÊS Reis. Diretor: David O. Russell. Produção de Warner Bros. 2000. Color. 114 min.
TRUE Lies. Direção de James Cameron. Produção de Twentieth Century Fox. 1994. Color. 141 min.

Bibliografia:
AGUIAR, Flávia; COSTA Cristiane. Jasmine: a representação da mulher e do Oriente sob a ótica da Disney. Intercom, s/d.
DEMANT, Peter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2004.
FERRO, Marc. O filme: uma contra análise da sociedade? LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: Novos Objetos. RJ. F. Alves, 1989
FREIRE FILHO, João. Força de expressão: construção, consumo e contestação das representações midiáticas das minorias. Revista FAMECOS, Porto Alegre; número 28, dezembro de 2005. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/3333/2590
MEMMI, Albert. Retrato do colonizado precedido de Retrato do Colonizador. Paz e Terra, 1967.
MEMMI, Albert. Retrato do descolonizado árabe-muçulmano e de alguns outros. Civilização Brasileira, 2007.
SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SARKIS, Nicolas. Cronologia da OPEP. Tradução: Leonardo Abreu. Le Monde Diplomatique Brasil. Disponível em: <http://diplo.org.br/2006-05,a1304> Acessado em: 30
jul de 2017
VISENTINI, Paulo. O Grande Oriente Médio: Da Descolonização à Primavera Árabe. Campus Elsevier, 2014.

42 comentários:

  1. Boa tarde, Débora. tendo em vista a grande quantidade de filmes que abusam de estereótipos em relação à cultura árabe muçulmana, você poderia indicar alguns títulos que pudessem ser trabalhados em sala de aula para desmistificar essa ideia tão preconceituosa que observamos na maioria dos filmes hollywoodianos?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ola Marcelo, existe uma série de filmes que estão sendo produzidos pelo cinema oriental ou então, fazer como sugeri (já que filmes hollywoodianos sao mais acessíveis) utilizar destes filmes e trabalhar em cima dos antagonismos e falhas deles. Há ainda alguns filmes que tem mostrado uma realidade um pouco diferente já, como o Relutante Fundamentalista, Meu Nome é Khan, Rede de Mentiras, etc

      Espero ter contribuído.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  2. Ana Paula Sanvido Lara1 de outubro de 2018 às 17:42

    Cara Débora, ótimo texto! Uma pesquisa muito pertinente, já que as visões do oriente por parte dos leigos é realmente de um local subdesenvolvido e violento. Diante do exposto em seu texto, gostaria de saber indicações de filmes e livros para trabalhar em sala de aula a questão da mulher árabe muçulmana.

    Ana Paula Sanvido Lara

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Ana,
      Infelizmente há poucos filmes e livros ocidentais que retratem a mulher árabe-muçulmana de forma coerente. Tem alguns filmes que me chamaram atenção como: Rede de Mentiras do diretor Riddley Scott, Meu nome é Khan, tem uma série chamada Homeland, livros tem os da Malala, HQs como Persépolis, entre outros. Tenho tentando assistir filmes criados no grande oriente, porque daí teremos filmes que representam os árabes-muçulmanos por eles mesmos. Nem que seja selecionando um trecho, episódio, enfim.. afinal sempre temos que estar atento e analisar as representações que são trazidas.

      Espero ter contribuído.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  3. Parabéns pelo o excelente trabalho Débora, este trabalho nos leva a refletir sobre o estereótipo que criamos do oriente. As produções hollywoodiana nos dá uma idéia de um povo extremo cruéis, machistas e idiota. Eu a credito que este "preconceito" acaba gerando medo e ódio nos ocidentais. Diante deste quadro, como podemos trabalhar em sala de aula para desmistificar essa idéia da cabeça dos jovens?

    Damiana Santana de Medeiros

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Damiana,
      Eu acho que como vivemos em um mundo imagético, podemos usar e abusar de imagens, filmes, HQs, etc. Por exemplo, você pode usar duas imagens das cidades do Oriente Medio, a primeira salientando como é retratado e a segunda mostrando de como verdadeiramente é. Ou então, usar de filmes, mesmo cheio de estereótipos, e depois através de trabalho de pesquisa ou debates ir desconstruindo um a um; existe HQs incríveis sobre o mundo árabe, entre elas Persépolis, etc.

      Espero ter contribuído
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  4. Uma das maiores dificuldades que temos hoje para trabalhar a história oriental em sala de aula, é justamente a escassez de materiais sobre a cultura e a história do povo oriental.

    Damiana Santana de Medeiros

    ResponderExcluir
  5. Boa noite, Débora! Temática muito interessante. Gostaria de perceber as razões de o 11/09 ter atuado como um marco na transição da figura da mulher muçulmana.

    Flavia Cavalcanti da Silva Villa Lobos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Flávia,
      As razões para essa mudança da estereotipificação da mulher árabe-muçulmana após o 11/09, ao meu ver, se dá com o intuito de contribuir para a vilificação do homem árabe-muçulmano, mostrando como este é tão insano, violento, fanático, a ponto de subjugar e até mesmo torturar sua própria família, legitimando a matança, dominação e exploração deste sujeito.

      Espero ter contribuído
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  6. Olá boa noite, o texto é bastante interessante, principalmente pela falta de pesquisas que tenham foco nessa temática. Mas de acordo com o texto em questão, os esteriótipos construídos minuciosamente através do cinema, refletem no nosso dia a dia. Neste caso seria correto afirmar que a utilização da personalidades públicas, como Malala Yousafzai, conseguiria dar início aos processos de desconstrução a cerca da cultura árabe- mulçumana que nos é imposta pelos filmes, séries e desenhos, tendo em vista que a mesma quebraria com alguns dos esteriótipos construídos pela mídia cinematográfica?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Mariane,
      Com certeza! Acho que figuras como a Malala tem muito a contribuir para este processo de desconstrução de estereótipos que foram estabelecidos para os árabes-muçulmanos pelo cinema hollywoodiano. Penso que temos que começar a assistir filmes que tenha sido produzidos pelo cinema do grande oriente, ate para obter um contraste, pois estes vão estar representando a si mesmos.

      Espero ter contribuído
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  7. Olá, Débora Dorneles! Parabéns pelo texto, material que estarei utilizando em minhas próximas aulas.
    Para analisar a filmografia hollywoodiana a respeito dos povos árabes não se pode escapar da contextualização, como você fez muito bem. Na Educação Básica, temos um grande desafio no processo de desconstrução dos arraigados estereótipos. Algo problemático de se lidar é a abordagem sobre a condição feminina.
    Na sua opinião, como podemos abordar esta temática sem incorrer na vilinificação dos homens árabes?

    Lidiana Emidio Justo da Costa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Lidiana, primeiramente gostaria de parabenizá-la mais uma vez pelo seu artigo.
      Respondendo a sua questão,existe um livro do autor Frantz Fanon chamado Sociologia de uma revolução que fala sobre a questão do véu. Acredito que para trabalhar a questão da abordagem da questão feminina, temos que contextualizar, trabalhar sobre o islã, ensinar que é uma cultura muito diferente da nossa e que merece ser respeitada, que as mulheres árabes-muçulmanas são religiosas e que seguem o que elas crêem, que o uso do hijab é uma escolha individual na maioria dos países, etc. Existem vídeos no YouTube de mulheres muçulmanas falando sobre a sua escolha pelo uso do hijab, podemos retratar personagens como a Malala, utilizar de HQs como Persépolis, entre outros.

      Espero ter contribuído
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  8. Olá, seu trabalho fala especificamente sobre as produções cinematográficas, mas você acha interessante utilizar mídias sociais para levantar estes questionamentos em sala de aula? visto que as Fake news estão formando novas "narrativas" sobre a historia dessas populações.
    Lorena Raimunda Luiz

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Lorena,
      Com certeza. Minha análise foca no cinema, mas existe uma gama de recursos que pode ser utilizada para desconstruir preconceitos e reconstruir os conceitos de maneira que venha respeitar as diferenças culturais, religiosas e sociais.
      Em uma determinada aula, com alunos do EJA utilizei de imagens para desconstruir o mito da Arabland, primeiro eu coloquei imagens sem legenda, de cidades localizadas no Grande Oriente Médio e depois coloquei imagens retratadas em filmes e séries de como são representadas. E perguntei onde eles achavam que eram cada uma das cidades.. quando eles perceberam que se tratava do mesmo local, ficaram chocados. Após realizamos um debate e uma discussão sobre esta questão de o Ocidente representar o Oriente de formas estereotipadas.

      Espero ter contribuído
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  9. Ótimo texto! Uma pesquisa de uma assunto importantíssimo, visto que a indústria por muitas vezes retrata o povo como sendo cruel, terrorista, assassinos cruéis, estupradores, fanáticos religiosos, milionários do petróleo estúpidos, e que maltratam mulheres. E através dessas produções da industria se propaga um grande preconceito sobre o povo, e até mesmo um certo medo. Visto que uma boa parte dos alunos acabam por não se interessar por essa temática. Como você percebe isso? Como trabalhar de forma sensata com os alunos?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Thays,
      A maioria dos jovens adoram cinema, HQs, música, séries, etc Cabe a nós educadores procurar recursos que propiciem o interesse de nossos alunos. Lembrando, que assim como qualquer temática, precisa ser sempre ajustada com a idade do aluno, trazendo um planejamento conforme seu perfil.

      Espero ter contribuído
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  10. Olá Debora!!

    Algo que gera bastante preconceito contra muçulmanos é a questão religiosa. Por sermos influenciados por uma cultura ocidental de base judaico-cristã, muitas vezes não conseguimos compreender as práticas e tradições religiosas islâmicas. Nesse sentido, como poderíamos utilizar o cinema, no âmbito escolar, para diminuir essa visão preconceituosa que se tem do islamismo?

    Dalgomir Fragoso Siqueira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Existem filmes que retratam o islã como uma religião de paz e que mostra essa perseguição a que estão acometidos. Um exemplo é Rede De Mentiras de Riddley Scott, outro que retrata de uma forma muito bacana é o filme Meu Nome é Khan. Mas acredito que podemos sempre nos voltar para o cinema árabe e de países muçulmanos, ou então ver filmes estereotipados e criar debates e questionamentos com base em textos, documentários sobre as representações incoerentes dos muçulmanos. Porque a maior falha, ao meu ver, está em generalizar todo o grande oriente, como se o islã se manifestasse igual em todas os países, o que sabemos ser incorreto. Há uma grande diversidade de credo do Islã, alguns mais conservadores como Afeganistão, e outros mais liberais.

      Espero ter contribuído
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  11. Imagem passada pelo cinema referente a cultura dos muçulmana muitas vezes é construídas por visões ocidentais estereotipadas.

    ResponderExcluir
  12. Assim como os filmes que retratam os africanos são tendenciados a demostração de fraqueza e miséria.Da mesma maneira ocorre com os filmes ou series árabes-muçulmanos, geralmente são de origem violenta e bastante cruel,mostram apenas violência e fanatismo. Diante de todas essas questões observamos uma serie de interesses como a crise do petróleo,A minha pergunta é, essa crise pode ser manipulada ou tendenciada por empresas imperialistas que desvalorizam as ações governamentais, com o objetivo de dominar a produção petrolífera ?
    Como esta ocorrendo no Brasil?

    Luciana dos Reis de Santana

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Luciana,
      Acredito que sim. Esta imagem estereotipada tem sido criada para fins de dominação e interesses econômicos e políticos de grandes nações, legitimando uma série de invasões e ações esdruxulas.
      A desvalorização de ações por empresas imperialistas já não é novidade, afinal existem os cartéis norte-americanos, por exemplo, que tentam constantemente ter o controle do preço dos barris de petróleo. Antes mesmo, da criação da OPEP, elas dominavam e adquiriam o bem a um preço muito baixo, quando cria-se a OPEP que retoma este monopólio de preços, os EUA e o mundo entram em crise do petróleo.
      E acredito sim, que a questão do Brasil não se diverge, principalmente sua relação com o Pré-Sal, que segundo as ultimas noticias que eu vi, estavam querendo vender a patente a preço de banana por este governo neoliberal.

      Espero ter contribuido.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  13. Olá Débora. Primeiramente, parabéns pelo texto, realmente é um assunto interessante mas ao mesmo tempo preocupante por conta da intolerância que se criou diante da cultura árabe-muçulmana, e a falta de fontes sobre a temática dificulta também. Então, além dos filmes, que outro tipo de fonte é possível utilizar para desconstruir tal pensamento?

    Amanda Martins Olegário

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Amanda.
      Obrigado, primeiramente.
      A questão de fontes é realmente um problema.
      Mas garimpando bastante pude encontrar algumas bem legais, como documentários, filmes, séries, HQs e livros.
      Documentário: Reel Bad Arabs
      Filmes coerentes: Rede de Mentiras, Meu nome é Khan, Syriana (em parte), etc.
      Animações: A ganha pão, Persepólis, etc.
      Séries: Homeland (em parte), entre outras.
      HQs: Persepólis, Árabe do futuro, Palestina e notas sobre gaza, etc.
      Livros: Todos utilizados na minha biografia, e outros como O roubo da História do autor Jack Goody, etc.

      Espero ter contribuído.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  14. Oi Débora. Parabéns pelo seu texto. Construi minha dissertação dentro da sua mesma perspectiva. Caso lhe seja útil, ela está disponível dentro da plataforma do Mestrado Profissional em História ou num artigo dos anais do III Seminário Internacional de História do Tempo Presente da UDESC. Boa pesquisa! Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Maicon
      Que bacana! Sinto falta de ter pessoas que trabalhem essa mesma temática para conversar e debater, pois na minha faculdade, infelizmente, era só eu. kkkkk
      Vou procurar sim.

      Obrigado.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  15. Olá, Débora! Parabéns pelo excelente texto. Pelo que eu entendi, a sua crítica em relação às discussões sobre as mulheres no mundo árabe-muçulmano tem se concentrado muito mais nos homens, na violência e no poder masculino, do que propriamente nas manifestações feministas. Nesse caso, mesmo dentro da crítica à masculinidade no mundo árabe-muçulmano, as mulheres ainda são pouco ouvidas?

    Diogo Matheus De Souza

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Diogo,
      Excelente dúvida. Sim e não. Não podemos generalizar o mundo muçulmano, ai está a chave do negócio.
      O mundo oriental, assim o ocidental, ainda é muito patriarcal, o que potencializa esses valores e culturas machistas em cima de mulheres, as impedindo de adquirir um status de igualdade.
      Existem sim, países muçulmanos que ainda são bastante extremistas em relação ao papel da mulher na sociedade, como é o caso do Afeganistão, Paquistão, etc. Porém já existem, outros que são mais liberais nesse quesito. Logo, não podemos generalizar. O mesmo vale para o Ocidente. A diferença, se encontra na cultura.
      Normalmente criticamos a questão do uso do véu e das vestes compridas das mulheres árabes-muçulmanas, levando a uma ideia errônea de que é uma forma de imposição masculina, quando na verdade é mais uma questão de fé. Por exemplo, em alguns o uso do véu é opcional. A crítica é vice-versa, pois algumas mulheres orientais criticam a forma como as ocidentais se vestem, pois ao ver delas, elas se despem (usam roupas curtas e chamativas) para obter a atenção dos homens, ou seja, para fins de saciar a vontade masculina.

      Espero ter contribuido.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  16. Olá Débora, parabéns pelo seu texto, a tématica do Oriente realmente é muito pouco trabalhada em sala de aula, e sempre vemos vários preconceitos quando vamos discutir sobre o assunto. Na sua opinião o quanto a religião muçulmana esta presente nas concepções do orientalismo, e o quanto a intolerância religiosa dificulta que em sala de aula seja produzido um conhecimento mais claro sobre esse assunto ?

    ResponderExcluir
  17. Olá Débora, parabéns pelo seu texto, a temática do Oriente realmente é muito pouco trabalhada em sala de aula, e sempre vemos vários preconceitos quando vamos discutir sobre o assunto. Na sua opinião o quanto a religião muçulmana esta presente nas concepções do orientalismo, e o quanto a intolerância religiosa dificulta que em sala de aula seja produzido um conhecimento mais claro sobre esse assunto ?
    Natália Alves de Alemida

    ResponderExcluir
  18. Olá Débora, parabéns pelo seu texto, a temática do Oriente realmente é muito pouco trabalhada em sala de aula, e sempre vemos vários preconceitos quando vamos discutir sobre o assunto. Na sua opinião o quanto a religião muçulmana esta presente nas concepções do orientalismo, e o quanto a intolerância religiosa dificulta que em sala de aula seja produzido um conhecimento mais claro sobre esse assunto ?

    Natália Alves de Almeida

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Natália,
      Obrigado, primeiramente.
      No ocidente vivemos em uma sociedade judaico-cristã, o que leva-nos uma situação de demonização de outras religiões, como o Islã, religiões afrodescendentes, etc. Ou seja, muitas vezes, devido a nossa cultura e as fontes a qual estamos embebidos desde nosso nascimento, nos levando a crer que tudo que diverge disso é "mau".
      Acredito também, que o acesso a este tipo de temática em sala de aula, tem uma dificuldade tremenda, pois atualmente vivemos no Brasil um período de expansão de discursos extremistas, um exemplo é, que mesmo que esteja estabelecido em lei (11.645/2008) o ensino de história da África, muitos professores tem encontrado barreiras nos pais, na comunidade, na direção das escolas, para trabalhar sobre as religiões afro, devido ao grau de preconceitos e extremismo que estamos inseridos, que não reconhece ou valoriza o que é diferente de si. O mesmo vale para o Islã e outras religiões como o Budismo, Hinduismo, Animismo, etc.

      Espero ter contribuido.
      Atenciosamente
      Débora DOrneles Uchaski

      Excluir
  19. João Matheus da Silva Cruz4 de outubro de 2018 às 23:29

    Débora, muito boa noite. Essa relação entre a industria cinematográfica e o Estado norteamericano, criada para desmoralizar e denegrir povos árabes, ao mesmo tempo que usa isso para justificar ações militares, pode ser comparado a aquilo que o nazismo fez, usando da propaganda e da grande industria midiática, tanto para justificar a segregação dos judeus, quanto ironicamente, atacar pontos da sociedade americana, como o racismo ?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá João,
      Não vou mentir, conheço muito pouco sobre a propaganda nazista. Mas baseado com tua lógica de explicação, acredito que sim. Pois utiliza da mídia de massas para legitimar uma ação de dominação de outro povo.

      Espero ter contribuido.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  20. Bom dia Débora, parabéns pelo excelente trabalho. Realmente muitos filmes hollywoodianos transmitem a ideia dos muçulmanos sempre como o inimigo, gostaria de saber se tal construção cinematográfica é usada para legitimar uma possível violência contra os muçulmanos, pois estará internalizada em quem assiste os filmes e até que ponto isso se torna lucrativo para Hollywood?

    Att,
    Rodrigo Cezar Mululo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Rodrigo,

      Com certeza. Através do cinema a representação estereotipada do árabe-muçulmano fica impregnada no inconsciente coletivo, gerando situações de conflito e aumentando a islamofobia e o racismo. Dai a importância deste tipo de pesquisa e trabalho em sala de aula, a fim de desconstruir este retrato errôneo e reconstruindo conceitos que respeitem a diversidade.

      Recomendo que veja dois filmes que retratam esta situação de forma muito clara: O relutante fundamentalista e Meu nome é Khan.

      Os estúdios de Hollywood são ligados diretamente a Washington, contribuindo para a legitimação de ações militares, políticas, etc. E toda esta situação de terror, faz com que a cada filme lançado sobre a temática, arrecade "rios" de dinheiro.

      Espero ter contribuido.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  21. Prezada Débora, eu gostei muito do seu texto. Parabéns.
    Lendo-a fiquei intrigado com uma questão pontual. Ao que parece, a questão oriental do petróleo contribuiu para a formação e cristalização da imagem estereotipada da cultura árabe muçulmana, a qual nos é posta por hollywood e que, por sua vez, internalizamos. Respeitando os diferentes contextos, você passou por ou refletiu sobre a imagem da América Latina em Holywood a partir da questão do petróleo? Pergunto, pois acredito que devamos ser um dos focos norte-americanos neste quesito, em especial o Brasil e a Venzuela.
    Parabéns mais uma vez.
    Att.
    Heraldo Márcio Galvão Júnior

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ola Heraldo,
      Obrigado primeiramente, e parabéns pela pergunta.
      Sim, inclusive já iniciei uma pesquisa sobre esta temática, está atualmente em fase de desenvolvimento.

      A América Latina também é um dos alvos de Hollywood, podemos perceber estereótipos sobre o Brasil em filmes como Velozes e Furiosos 5: Operação Rio, Turistas, ou então em Hulk, entre tantos outros.

      Sempre retratando o brasileiro como favelado, envolvido com o tráfico, cercado de violência, com mulheres vulgares, etc.

      Acredito que os interesses no Brasil, particularmente, sejam diversos: petróleo, mata atlântica, compra de matéria-prima a preço de banana, mercado consumidor de produtos norte-americanos, etc.

      Espero ter contribuido.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  22. Oi Débora, parabéns pelo excelente texto! Uma pergunta, na sua visão, a pouca atenção e espaço que se tem para as discussões em torno das culturas e sociedades orientais, na maioria dos curso de História das universidades brasileiras, contribui para que a imagem estereotipada e preconceituosa que se tem sobre esses povos não se modifique? Visto que é nesses ambientes em que os futuros professores serão formados.
    Parabéns novamente!
    Att.
    Edimar Ribeiro dos Santos Junior.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Edimar,

      Sim e não. Acredito que ainda temos muito que aprimorar nos currículos das universidades a fim de promover professores de História mais capacitados para o ensino de História Oriental.
      Porém, acredito que já andamos bastante! Eu mesmo, me formei no final do ano passado, em minha faculdade tive excelentes professores que me estimularam a pesquisar sobre o Ásia, sobre África, sobre América Latina, o que me deu um leque maior de concepção histórica.
      E nos ultimos anos tenho visto, que outras faculdades tem alterado seus currículos em prol de uma história voltada para a diversidade, além de grupos de estudos mais focados, etc

      Enfim, as coisas vão acontecendo muito lentamente, mas estão acontecendo. Cabe a nós professores buscarmos aprender mais e estimularmos mais a reflexão de nossos alunos também.

      Espero ter contribuido.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski

      Excluir
  23. Carla Cristina Barbosa
    Prezada Débora Dorneles,
    Gostaria de parabenizar pelo texto, onde você uma reflexão da representação da cultura árabe- muçulmana e o cinema, partindo da premissa " que o cinema é um testemunho da sociedade que o produziu, aderindo um caráter de fonte documental para a História". Nesta perspectiva, quais reflexões e cuidados devem ser observados pelos professores na escolha dos filmes que abordam a cultura árabe-muçulmana?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Carla,
      Excelente pergunta!
      O que penso é que primeiramente, antes de escolher um filme, o professor deve assisti-lo, pesquisar sobre, preparar um material adequado para trabalhar esta temática.
      Pois se não, acaba virando um sessão pipoca, e perde o real objetivo de utilizar cinema em sala de aula (ao meu ver o objetivo seria causar um impacto, levar a reflexão e reforçar o conteúdo).
      Existem poucos filmes ocidentais sobre árabes-muçulmanos que retratam este povo com coerencia. Eu particularmente, gosto de trabalhar em cima das falhas dos filmes. Ou seja, uso filmes muitas vezes estereotipados, após assistirmos, voltamos e debatemos sobre pontos incoerentes do filme X realidade. Isso, faz com que o aluno perceba que mesmo ao assistir um simples filme, ele tem que utilizar de sua consciencia crítica, estar atento e ter um olhar questionador, problematizador.

      Espero ter contribuido.
      Atenciosamente
      Dèbora Dorneles Uchaski

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.