Leonardo Candido Batista

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS HITITAS

A ideia desse trabalho é apresentar em linhas gerais algumas considerações e características da terra de Hatti. Nos desvincularemos de um aspecto linear, de maneira que deixe resplandecer os conceitos e vieses como o de “civilização”, supondo que os hititas fossem apenas mais um povo na longa história do Oriente Próximo, mostrando culturas ilhadas como apresentadas nos diversos manuais de História Geral e afins. De forma concisa, apresentaremos como Hatti desenvolve-se a partir de três dinamizadores; A órbita da cultura mesopotâmica na região da Anatólia; as influências de povos que migraram, ou que já estavam estabelecidos na região antes da chega das colônias assírias; e por fim, como todo essa amalgama de influências culturais e étnicas podem ser entendidas como hititas.

Quando falamos sobre os hititas é importante começarmos sobre a sua formação, compreender que eram um povo híbrido, formado por elementos indo-europeus, hurritas, hattian, sírios e mesopotâmicos. É o que resume Giogardze (1991, p. 283), ao comentar que os hititas se originaram da fusão desses povos, sendo esses grupos éticos de contribuição para respectivos ganhos culturais do reino que vira a se formar na Anatólia do Bronze Tardio.  A região da Anatólia foi onde os hititas se estabeleceram e fundaram o seu reino. Como destaca James Macqueen (1986, p.11) a Anatólia era uma terra cheia de possibilidades, grandes fontes de matérias primas, sendo esse um fator importante para as migrações indo-europeias na região. Por volta de 2300 a.C. tem-se evidências de grandes mudanças em algumas regiões da Anatólia, particularmente no oeste e no sul, e os estudiosos associam esse período com a incursão dos indo-europeus na região. James Mellaart (1971, p.681) fala que os recém-chegados falavam uma variedade de línguas indo-europeias e tinham uma cultura, religião e economia um pouco parecidas com a da população local. Acredita-se que no final do terceiro milênio havia três grupos de povos na Anatólia que falavam as línguas indo-europeias: os luvitas no oeste, os palaicos no norte e os nesitas no centro e no leste.  Não se sabe ao certo de onde vieram esses invasores, ou se ao menos eles estiveram na Anatólia. Como explica Melchert (2011, p. 705), não há uma pretensão de um verdadeiro consenso sobre se os indo-europeus estiveram na Anatólia, esses esforços aparecem para distinguir o que é uma opinião puramente pessoal na qual se reflete pela maioria dos pontos de vista, sendo assim essa discussão deve ser vista com algumas ressalvas em mente.

Embora essa discussão seja complexa é importante ressaltar que uma cidade do começo do segundo milênio parece conter elementos indo-europeus, essa cidade era conhecida como Nesa, que foi um dos importantes centros de troca na época das colônias assírias. Nesa vem de nesita que eram uma das línguas indo-europeias. Aparentemente nesse período o nesita tornou-se a língua da Anatólia para a escrita.  Alguns especialistas acreditam que as populações locais da região da Anatólia eram um grupo indígena pré-indo-europeu, um povo conhecido como hattians. Nos arquivos de Bogazköy encontram-se textos na linguagem hattic, diferente da estrutura da língua indo-europeia. Supõe-se que esse povo fora os habitantes da região antes das invasões indo-europeias. Não é possível afirmar sobre a etnia da população que viveu na Anatólia nesse tempo e como Trevor Bryce (2005, p. 13) informa, só se pode ter certeza da presença indo-europeia na região no final do terceiro milênio, quando os nomes indo-europeus aparecem nos documentos dos mercadores assírios que se instalaram na região no começo do segundo milênio a.C.

Apesar das invasões indo-europeias serem discutidas às vezes como hipóteses e algumas vezes como concretas, não se pode negar a influência dessa característica, pois existem evidências de que ouve uma cultura indo-europeia na região e essa cultura se misturou ou os povos autóctones da região. Dessa maneira vemos como acontece o hibridismo na Anatólia, diversas culturas se entrelaçando fazendo surgir novos aspectos desse encontro, mas algo a mais estaria por vir, algo que levaria para essa região um aspecto fundamental para a formação de um povo, de uma identidade. A noção de pessoa, de ser humano existente na Mesopotâmia contribuirá para a formação da identidade do povo da Anatólia, e essas ideias virão com muita força com as colônias assírias. 

As colônias assírias (conhecidas como Karuns) funcionaram no platô da Anatólia como um dinamizador da política, economia e cultura, é a partir desse momento que aparecem os primeiros documentos escritos na região. Embora o primeiro contato mesopotâmico com a região parece ter acontecido segundo uma narrativa lendária chamada “o rei da batalha”. Nessa narrativa os mercadores acadianos na cidade de Purushanda na Anatólia pedem a Sargão uma investida contra a cidade por estarem sendo oprimidos nesse lugar. Existe outro texto chamado “a lenda de Naram-Sin”, onde é relatada a cidade de Purushanda como pertencendo ao reino do neto de Sargão. Não podemos afirmar até onde essas narrativas mostram relações anteriores às colônias e se realmente aconteceram, mas como destaca Trevor Bryce (2005, p. 21), notamos que o aparecimento das colônias marca uma nova era na Anatólia, a era dos arquivos escritos.

Essas colônias levarão junto as ideias mesopotâmicas para a região, e uma estrutura necessária para a Anatólia se desenvolver politicamente. Como coloca Gordon Childe (1975, p. 167), uma cultura já estabelecida se difunde para outros centros secundários. Essas colônias funcionavam basicamente, como mostra Cécile Michel (2009, p. 71), da exportação de Assur para a Anatólia de produtos têxteis e estanho em troca de prata e ouro. As colônias se estabeleciam em uma região estrangeira longe de sua terra. O comércio era estabelecido por tratados com os governantes locais da Anatólia.  Embora essas colônias estivessem longe de Assur, a estrutura existente seguia os moldes mesopotâmicos. Assim, segundo Hildegard Lewy (1971, p. 715), os assírios estabeleceram um padrão de dominação que será seguido ao longo de sua história, eles deixavam o governante local intocável no trono se eles estivessem dispostos a aceitar a supremacia assíria. O tratado de vassalagem era concluído por um juramento dos dois lados e o príncipe local se tornava “filho” do rei assírio que frequentemente mandava uma mulher da casa real para casar com o novo vassalo e tropas para proteger seu reino. Trevor Bryce (2005, p. 24) fala que podemos concluir pelos textos assírios que o período das colônias era dominado por diversos reinos chamados matu (singular de matum). Assim, seguindo a ideia de Bryce, não podemos ter certeza de até aonde chegava a autoridade ou influência desses reinos.
Cada foco tinha uma cidade chefe, na qual o governador (raba`um) exercia uma ampla autoridade sobre as comunidades dentro de seu reino. Mas esses governantes estavam sempre sujeitos à autoridade dos governadores dos matuma que eles pertenciam. Outro aspecto que chama muita atenção é como os assírios adoraram costumes característicos da região da Anatólia: 

“Pode-se observar que os anatolianos viviam ao sul do Karum, eles se envolviam no comércio, mas não participavam do papel administrativo da colônia. Os assírios se estabeleceram ao norte. Nas casas foram encontradas mobílias e cerâmica de características puramente anatolianas. Muitos rítons com desenhos geométricos e formatos originais de animais, para usos de culto. Armas, metal, vasos, estatuetas e joias foram encontradas nas tumbas, debaixo dos pisos de algumas casas. Os assírios usavam produtos locais” (MICHELLE, 2005, p. 74). 

Dessa forma vemos uma incorporação da cultura local implantada no seio da sociedade assíria que ali se estabeleceu. Seguindo a ideia de Handelman (1977 apud ERIKSEN, 1993, p. 42), a categoria étnica é construída quando as categorias contrastivas são usadas para identificar membros e intrusos. Eriksen (1993, p. 42) explica, em outras palavras, que a participação em uma categoria étnica ensina ao indivíduo um comportamento apropriado em face de outros, passa conhecimento sobre ele ou ela (colocando) origens e legitimando a existência de uma categoria étnica.

Em um sistema de interação onde grupos étnicos associados não existem, mas onde categorizações étnicas são usadas, a etnicidade continua sendo altamente importante como um princípio para a interação. Estando estabelecidos na região da Anatólia, os assírios tiveram que adotar costumes e características locais, pois eles partilharam e dividiram costumes com as populações locais. Seguindo a tipologia de Handelman (1977 apud ERIKSEN, 1993, p. 42), que pensa essa característica como uma “rede étnica” – conceito segundo o qual uma pessoa irá regularmente interagir em termos de uma parceria étnica. A principal diferença entre categorias e redes consiste na forma de distribuir recursos entre os membros do grupo. Tal rede é baseada em princípios de caracterização étnica, criadas durante laços interpessoais entre membros da mesma categoria e ainda pode servir para organizar contatos entre estranhos. É importante fazermos essa discussão étnica, pois dessa forma podemos observar como foi surgindo o hibridismo cultural e étnico que acabou por formar a sociedade que chamamos de hitita. Mesmo longe de Assur os Karuns faziam parte da cidade mesopotâmica. Como destaca Marc Van de Mieroop (1997, p. 65), é um erro apontar que a cidade mesopotâmica estivesse limitada ao seu centro murado. A cidade tinha diversas construções, uma cidade murada interna, subúrbios, um distrito portuário, assim como campos e pomares pertencentes a essas áreas. Todos esses eram elementos integrantes da cidade. Sendo assim, uma estimativa do urbanismo mesopotâmico não pode ignorar o papel que cada elemento detinha.

A história do reino hitita é revelada por documentos que distinguem dois períodos, o velho reino e o Império. Os textos que relatam o antigo reino são poucos e a maior parte está muito danificada, o estudo dessas fontes representa grandes desafios. Gary Beckman (2007, p. 100) apresenta cinco fontes dos problemas para o estudo dos arquivos hititas: a primeira foi a destruição da capital hitita pelo fogo, a capital era em sua parte constituída de madeira, o que ajudou no alastramento do fogo destruindo e fragmentando grande parte dos arquivos. A segunda fonte de dores de cabeça para os hititólogos é que os hititas não empregavam um sistema de datação em seus arquivos. O terceiro problema é a ignorância dos significados de muitos vocabulários que aparecem nas fontes especialmente os de cerimônias religiosas onde partes significativas das palavras não são de origem indo-europeia, mas sim emprestadas de outras línguas como hattic e hurrita. O quarto problema é a geografia de onde os hititas se estabeleceram: apesar de vários topônimos aparecerem nos textos, muito poucos locais foram identificados, sendo que isso não foi por falta de esforços dos hititólogos, mas sim por uma falta de continuidade dos nomes dos lugares da Anatólia central do período dos hititas até os tempos clássicos, tornando está uma tarefa muito difícil. Por último, há ainda a dificuldade de decifração dos chamados “hieróglifos hititas”.

É com Hattusili I que os hititas aparecem em evidência do cenário do Bronze Tardio, esse rei se destacou pelas conquistas e pelo poderio de seu exército. Ele herdou a ideologia de Sargão, com base em um reino baseado principalmente em feitos militares. A história dos hititas é essencialmente militar. Não apenas por essa ideologia de uma identidade real baseada em um poderoso rei guerreiro, mas como destaca James Macqueen (1989, p.36) a expansão do reino hitita pode ter sido relacionada com fatores econômicos, com a conexão das colônias assírias há muito perdida, uma nova rota para o comércio de estanho precisava ser encontrada. Além desses dois fatores para a guerra ser importante para os hititas, há um terceiro, o território da Anatólia era hostil, e em volta da terra de Hatti, haviam povos que sempre estavam em guerra e se recusavam muitas vezes a reconhecer o poderio hitita. Esses povos minavam a região da Anatólia causando diversas guerras intestinas nessa região, esse terceiro fator é importante, pois Hattusili I, começara seu processo de expansão nesses reinos, conquistando primeiramente Sanahuitta e Zalpa, como destaca Trevor Bryce: 

“Com esses ganhos militares, os fixaram seus olhos para a Síria, com as conquistar de Hattusili I na região sudeste da Anatólia, ele conseguiu acesso a Síria por várias rotas, uma dessas passagens ficou conhecida mais tarde como portões da Cicília, e era usada pelos hititas para relações comerciais e de guerra. Hattusili devia estar bem consciente que sua expansão militar dentro da Síria ia além de suas conquistas na Anatólia e com muito mais riscos” (BRYCE, 2005, p. 70). 

Os aspectos religiosos em Hatti podem parecer muito confusos a priori, suas raízes podem ser encontradas desde o período neolítico, e inúmeras adições e alterações entre o sexto milênio e o segundo resultaram em um complexo amalgamo na qual até os teólogos hititas tinha grande dificuldade, até mesmo para organizar um culto “oficial” e um panteão. Dessa forma vemos como a religião na Anatólia hitita era complexa, mista e diversificada, com condições locais de cultos e outras trazidas de fora, até mesmo de outras regiões, essas diversas diferenças foram o campo religioso do que podemos chamar de reino hitita.

Antes de entrarmos em uma discussão mais densa sobre como eram os aspectos fundamentais da religião Hitita, é importante frisar como destaca Gary Beckman (2005, p. 344) que há dois pontos importantes quando se aproxima da religiosidade do Antigo Oriente Próximo. O primeiro é a diferença entre a religião tradicional politeísta como aquelas do Egito, Mesopotâmia e da terra de Hatti, e as “reveladas” religiões monoteístas. Em contraste com essas “religiões do livro”, nas quais são baseadas em textos oficiais, o tradicional politeísmo não possuía nenhum escrito afirmando sua legitimação de suas crenças. Portanto elas não eram centradas em dogmas. O segundo ponto é a falta de preocupação com a crença trouxe consigo a indiferença por parte da sociedade para a vida espiritual do indivíduo. Nos textos cuneiformes do Antigo Oriente Próximo, não se encontra uma reflexão pessoal sobre experiências religiosas. Não tinha necessidade de escrever explicações teóricas para o benefício daqueles que ainda não participavam do sistema religioso.

É interessante ver como a religião estava no ambiente real da Anatólia Hitita, sendo os soberanos bastante devotos. Como destaca Billie Jean Collins (2007, p. 158) direções em relações ao culto eram raramente feitas independentes de interesse político. Gary Beckman (2005, p. 346) fala da importância do rei hitita como peça fundamental da religiosidade desse povo, sendo que o monarca se empunhava como um ponto de contato entre o reino dos homens e o reino dos deuses. O rei representava os hititas antes de seu panteão e direcionando as atividades do povo em favor de seus divinos suseranos. Essa função como pivô do universo representa os três papeis mais importantes administrados pelo soberano de Hatti: Comandante chefe militar, supremo juiz e sumo sacerdote de todos os deuses. Nas suas primeiras funções, o monarca protegia e controlava seus subordinados; na última ele via o cumprimento das obrigações de seu povo em direção a seus superiores imortais. Certamente, era importante para o rei delegar a maioria desses deveres na maior parte do tempo, mas não devemos esquecer que toda essa adoração do culto estava nos cuidados da autoridade do monarca (BECKMAN, 2005, p. 346).

O panteão hitita era repleto de divindades, isso mostra a flexibilidade desse povo em relação a abraçar e absorver outras culturas. No âmbito, podemos observar como as fronteiras étnicas são flexíveis e tangíveis, aquelas diversas culturas que deram origem ao reino dos hititas no Bronze tardio, eram interligadas uma a outra, alimentando e cimentando essa complexa sociedade formou esse amalgama cultural que chamamos de reino hitita.Trevor Bryce (2002, p.144) que algumas regiões mantinham a atenção e adoração a essa divindade não como um deus universal, mas, um deus de todo as pessoas, mas um deus específico para eles. Bryce ainda explica, que até dentro das regiões do reino ele tinha diferentes funções, sendo que as fontes mostram múltiplos e desconcertantes deuses da tempestade. Existem divindades relacionadas a tempestade no exército, no palácio, da chuva, dos campos e das colinas. Específicos e individuais deuses da tempestade eram associados com as várias sub-regiões, distritos e comunidades que formavam o reino hitita, cada deus era ancorado a sua localização pelo rótulo lado a ele: deus da tempestade de Nerik, de Samaha, de Zippalanda, etc.Na religião hitita podemos identificar elementos de outras culturas do Oriente Próximo que foram fundamentais para esse reino do Bronze Tardio, absorvendo e assimilando estruturas culturais que formavam a própria terra de Hatti.

Em suma, essa é a ideia de apresentar o esboço do que foi Hatti, não apenas como mais uma sociedade do Oriente Próximo que muitas vezes passa despercebida pelas leituras, mas sim como uma complexa rede étnica que envolvia diversas culturas que a todo tempo se encontravam e se ressignificam na Anatólia da segunda metade do segundo milênio. A hititologia é um campo relativamente novo no estudo da Antiguidade, e essas redes de etnicidade fornecem ferramentas teóricas para um olhar mais heterogêneo dessa sociedade, observando que a cultura e as sociedades sempre estão de certa forma interligadas, mesmo no Oriente Próximo, onde a dinâmica das relações eram mais lentas.

Referências
Leonardo Candido Batista é Mestre em História Social pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)

BECKMAN, Gary. From Hattusa to Carchemish: the latest on Hittite History. In: CHAVALAS (org). Current issues in the History of Ancient Near East. California: Regina Books, 2007.
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BRYCE, Trevor. Life and Society in the Hittite World. Oxford: Oxford University Press, 2002.
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COLLINS, B.J. Ḫattušili I, The Lion King. Journal of Cuneiform Studies, Vol. 50 (1998), pp. 15-20.
CHILDE, Gordon: A Evolução Cultural do Homem. 3ª edição. Rio de Janeiro: Zahar, 1975
_______________. The Hittites and their World. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2007. ERIKSEN, T.H. Ethnicity and Nationalism: Anthropological Perspectives. London: Pluto Press, 1993.
ERIKSEN, T.H.Ethnicity and Nationalism: Anthropological Perspectives. London: Pluto Press, 1993
GILAN, Amir. Hittite Ethnicity? Constructions of Identity in Hittite Literature. In: COLLINS, BACHVAROVA and RUTHERFORD (orgs). Anatolian Interfaces: Hittites, Greeks and Their Neighbours. Oxford: Oxbow Books, 2008.
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MELLAART, James. Anatolia c 2300 – 1750 B.C. In: EDWARDS, GADD, HAMMOND e SOLLBERGER (orgs). The Cambridge Ancient History Vol 1.2: Cambridge University Press, 1971.
MICHEL, Cécile. The Old Assyrian Trade in the light of Recent Kültepe Archives. Journal of the Canadian Society for Mesopotamian Studies 3 [paruautomne 2009], p. 71-82.
MELCHERT, H.C. Indo-Europeans. In: STEADMAN and MCMAHON (orgs). The Oxford Handbook of Ancient Anatolia. New York: Oxford University Press, 2011.
MIEROOP, M.V. The Ancient Mesopotamian City. New York: Oxford University Press, 1997

9 comentários:

  1. Texto interessante Leonardo, gostaria de saber se a cultura suméria teve alguma influência na formação do povo hitita

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  2. Alberto, agradeço que tenha vindo prestigiar meu trabalho! Essa é uma questão importante para entendermos Hatti, pois a cultura que apareceu no sul da Mesopotâmia, e foi levada ao resto do Oriente Próximo é um denominador comum desses estudos, mas não explica as especificidades. Essa cultura se espalhou em focos por todos os cantos do Oriente, sendo esse termo conhecido como " Expansão de Uruk" (esse foi o primeiro sítio onde se pode encontrar modelos urbanísticos com uma certa sofisticação que os diferenciam dos neolíticos), levou a cultura da região até rincões dessa área geográfica, chegando até a Anatólia. Então Alberto, a perspectiva que eu busco esboçar no artigo para entendermos os hititas, é a partir dessas conjunturas de influências mesopotâmicas se misturando com influências locais e de outros povos que imigraram para a região da Anatólia.

    Atenciosamente, Leonardo.

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  3. Oi Leonardo. Parabéns pelo seu texto. A Antiguidade é sempre um desafio para ser dialogada em sala de aula, visto que é um período muito amplo temporalmente e diverso em culturas. Tradicionalmente os sumérios, babilônios e assírios são os mais debatidos em se tratando de Mesopotâmia, relegando-se os hititas para segundo plano. Qual o impacto que os hititas tiveram sobre os destinos da região, em meio a sua própria diversidade e a tantos outros povos? Obrigado! Abraço!

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    1. Maicon, agradeço a atenção pela leitura desde já! De fato, você está certa em falar que os estudos mesopotâmicos estão sempre mais evidentes no quadro do Oriente Próximo que os próprios hititas, isso é relacionado pelo campo da assiriologia ser mais antigo, sendo que há muito mais objetos e documentos para estudo. O que podemos chamar de pesquisas no campo da hititologia começou recentemente na historiografia, sendo a primeira em língua inglesa lançada em 1952 com o nome de “The Hittites” de Oliver Gurney, que foi um marco nos estudos de Hatti. A relevância dos hititas para a História do Oriente Próximo pode ser observada nesse emaranhado étnico e cultural do Bronze Tardio, onde observamos diversas influências interligadas nesse espectro da antiguidade. Com isso, podemos observar nas fontes históricas do período, na qual podemos caracterizar os tratados com nomes de divindades de todos os cantos do Crescente Fértil, diferentes sistemas linguísticos, compostos literários que foram traduzidos pelos escribas de Hatti, como a famosa canção de Kumarbi, na qual observamos paralelos com a Teogonia de Hesíodo. Sendo assim, os hititas foram fundamentais para uma transposição cultural do Oriente Próximo para a região do Egeu, como as semelhanças do deus da tempestade hitita com Zeus.

      Atenciosamente, Leonardo

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  4. Leonardo, muito bom seu texto. Parabéns por falar sobre a civilização hitita, um povo tão desenvolvido mas que os livros didáticos abordam pouco e as vezes nem abordam.
    Para você, por que os hititas são pouco abordados no ensino brasileiro?

    José Raimundo Neto.

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    1. José Neto, fico feliz que o texto foi do seu agrado! Essa é uma questão um tanto complicada, ultimamente vemos notícias tão tristes sobre a História aqui no Brasil, com candidatos até negando certos aspectos. Imagine abordar os hititas? sendo que a Antiguidade foi até há algum tempo atrás debate no currículo escolar. Até hoje no meio acadêmico a antiguidade é vista algumas vezes como “perfumaria”, e o historiador que trabalho com isso até meio exótico, mas existem avanços! Hoje há um grande número de trabalhos relacionados a Antiguidade Clássica e a Egito, e os relacionados a Oriente Próximo também estão pipocando, o que é muito bom, mas ainda creio que seja insuficiente. O número de historiografias na área está limitada a línguas estrangeiras, e o número em português ainda é insatisfatório para que mais pesquisas na área se concretizem, com isso ficamos limitados aos mesmos conteúdos de sempre dos livros didáticos, que nos apresentam um panorama linear das “civilizações”: sumérios, acádios, gútios, III dinastia de Ur e etc. Isso fica meio disperso, como se esses povos fossem ilhados nesse panorama histórico, pois não existe nenhuma problematização teórica que traga de forma mais crítica e contundente o período que estamos falando, criando desinteresse por parte dos professores e alunos.

      Atenciosamente, Leonardo.

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  5. oi, parabéns pelo trabalho.Você afirmou que uma das três funções principais do soberano hitita era a de sumo sacerdote de todos os deuses e que por isso era responsável pelos cultos a tais divindades. Como essa adoração era realizada (tipos mais comuns de oferendas, por exemplo) e como ele podia regulá-la? existiam festivais a tais divindades que eram financiadas pelo governo e/ou pelos membros com mais recursos na sociedade? se sim, que festivais eram esses? Raul Fagundes Cocentino

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    1. Obrigado pela leitura, Raul! Assim como na Mesopotâmia, o soberano em Hatti era o representante dos deuses no plano terrestre, sendo ele o responsável pela manutenção dos diversos festivais existentes no reino hitita. Esses festivais juntavam eventos e muitas formas de entretenimento, como por exemplo, corridas de cavalo, música e dança, simulações de batalha, competições de atletismo e etc. Também era característico desses festivais muita comida, como ensopados de partes de animais que eram oferecidos ao rei e depois degustados, em outras palavras, os hititas se deleitavam aos prazeres da carne de uma forma muito similar aos gregos, sendo que outro paralelo interessante entre o mundo Egeu e Anatoliano, era a queima de pássaros em uma pira, em um modelo muito similar aos sacrifícios humanos oferecidos no funeral de Pátroclo na Ilíada.

      Atenciosamente, Leonardo.

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