Lidiana Emidio Justo da Costa

“O FUNDAMENTALISTA RELUTANTE”: SOBRE A HISTÓRIA QUE CONTAMOS DE NÓS MESMOS

"Nas histórias que contamos de nós mesmos, não somos os radicais enlouquecidos e indigentes que o senhor vê em seus canais de televisão, mas fomos santos e poetas", foram com estas palavras que Changez, um paquistanês amante do estilo de vida norte-americano, desenvolveu seu argumento com o escritor e jornalista estadunidense Bobby Lincoln.

O diálogo entre esses dois personagens está presente no filme “O Fundamentalista relutante” o qual apresenta-se como um convite para uma reflexão sobre o “outro”, principalmente por procurar se distanciar de uma narrativa marcada por reforçar estereótipos pejorativos do povo árabe e muçulmano, algo que foi bastante criticado por intelectuais tais como Edward Said. Segundo este autor, os discursos distorcidos sobre os respectivos sujeitos históricos permeiam não só o poder político, mas o cultural, moral e até intelectual, forjando assim o que denominou de Orientalismo “um estilo de pensamento baseado em uma distinção ontológica e epistemológica feita entre ‘o Oriente’ e (a maior parte do tempo) ‘o Ocidente’” [SAID, 2001, p. 14].

“O próprio termo Oriente Médio, usado para definir a região geográfica que é hoje lar de cerca de 400 milhões de muçulmanos, comporta discussões. O termo (do inglês Middle East) é evidentemente de cunho eurocentrista e data, justamente, do século XIX, época em que o império britânico controlou mares e um quarto da Terra” [DEMANT, 2004, p.15]. 

Portanto, como  se pode perceber, ao longo dos séculos, o Ocidente criou, forjou e imaginou o Oriente sob várias nuanças, por vezes, um lugar exótico, uma terra de romances e paisagens contrastantes- indo do oásis ao deserto, evidentemente que a geografia da região apresenta-se dessa maneira, no entanto, nas narrativas ocidentais tais divergências serviam para referendar o discurso que se tentou dar forma em torno do seu contraste em relação à Europa, sendo assim, o orientalismo, de acordo com Edward Said foi arquitetado para “[...] negociar com ele [o  Oriente] fazendo declarações a seu respeito, autorizando opiniões sobre ele, descrevendo-o, colonizando-o, governando-o” [SAID, 2001, p. 15].

Essa postura analítica das produções eurocentradas conforme analisou Jack Goody, sempre procuraram encobrir o mundo não Ocidental, portanto, a história europeia e a do restante da humanidade, fora pensada a partir do ponto de vista europeu. E para isso, não abriram mão da “excepcionalidade do Ocidente no tocante a criação de valores (democracia, liberdade, igualdade de direitos)” [GOODY, 2008, p. 11]. A apropriação desses valores, já observados em outras culturas, não se limitou apenas a isto, tendo em vista que muitas das invenções orientais como o relógio, calendário, mapas estelares, matemática complexa, instrumentos astronômicos, dentre outros, foram copiados e adaptados pelos ocidentais, caracterizando-se como um verdadeiro “roubo da história” como denunciou JackGoody, roubo que perpassou também o campo do tempo, espaço e monopólio dos períodos históricos.

Nesse aspecto vale lembrar que a periodização europeia rompeu com a Ásia e sua Idade do Bronze, estabelecendo uma linha do tempo eminentemente europeia que avançou do feudalismo para a Renascença, da Reforma para o Absolutismo e daí para o capitalismo, da Industrialização para a Modernização [GOODY, 2008]. Enquanto a Ásia, nesse mesmo discurso eurocentrado, teria seguido uma trilha inversa com suas políticas despóticas, constituíra o “excepcionalismo asiático” [GOODY, 2008]. É interessante como na atualidade ainda persiste esse tipo de explanação, principalmente em muitos livros didáticos de História, os mesmos, ainda que tentem escapar ao discurso eurocêntrico, acabam reproduzindo fielmente a respectiva sequência cronológica, cabendo aos professores, desconstruírem e inverterem tal construção narrativa, oferecendo aos discentes outras possibilidades de análises.

Refletir sobre aspectos do eurocentrismo contribui para compreender o porquê da necessidade em levar para as salas de aulas, por exemplo, reflexões que façam os discentes repensarem sobre seus discursos e visões sobre o Oriente, notadamente a respeito dos povos árabes e muçulmanos,partindo da premissa de que as respectivas narrativas deram embasamento para teses estereotipadas sobre o Oriente em diversos estudos no mundo Ocidental. Principalmente na conjuntura emblemática do 11 de setembro de 2001, momento no qual ocorreu o atentado às torres gêmeas nos Estados Unidos, evento que“justificou” o crescimento da ojeriza contra povos do dito Oriente Médio e também a associação dos mesmos ao islamismo fundamentalista. Ou seja, uma série de equívocos reacenderam antigos embates sobre o “outro”, o qual, como se sabe, têm raízes seculares no mundo ocidental.
Tomando o 11 de setembro de 2001 como cenário, “O Fundamentalista relutante”, lançado em 2012, teve como co-produtores países como- EUA, Inglaterra e Qatar, bem como a direção da indiana Mira Nair, contribuições que denotam a diversidade cultural da película. Ele foi baseado no romance do escritor paquistanês Mohsin Hamid. Diferente de outras produções cinematográficas que contribuíram para reforçar o viés negativo do povo oriental, a exemplo do filme- Alladin (1992)- onde a música de abertura retratava os árabes como malvados e sanguinários; Cannonball Run2 (1981) que reforçou a ideia do árabe, ainda que de forma cômica,como ricos e entregues à luxúria; Indiana Jones e os caçadores da Arca perdida (1981)- o qual destacou a violência no comportamento do homem árabe e Tree Lees (1994)- que deu projeção à obsessão dos árabes por mísseis, em “O Fundamentalista relutante” procura-se conduzir o expectador a pensar os dois lados da história, sem recorrer a demonização do outro,  mas analisar a história em partes iguais e sem juízos de valores.
O paquistanês Changez, apresentado na abertura do presente trabalho, comungava com a maioria dos imigrantes nos Estados Unidos em “fazer a América”, ganhar dinheiro e ser uma pessoa bem sucedida. Tudo parecia caminhar para isto até o fatídico atentando às torres gêmeas. “As aparências podem enganar. Sou um amante da América, apesar de ter sido criado para ser bem paquistanês” [trechos do filme “O Fundamentalista relutante”], dessa maneira falou Changez para o suspeito e misterioso jornalista Bobby Lincoln, assim, a partir de diversos flashbacks o expectador é levado a conhecer partes da vida do paquistanês.

Pertencia a uma família de classe média, seu pai era um reputado poeta e não eram religiosos, portanto, não seguiam à risca o Alcorão. Quando teve a oportunidade de ir para os Estados Unidos, Changez estudou na universidade de Princeton e conseguira emprego numa grande empresa de Wall Street, representante do capitalismo selvagem ou até fundamentalista, como a diretora Mira Nair intuiu evidenciar.

Era extrovertido em seu círculo de amizade, conversando sobre o futuro, é indagado sobre como gostaria de estar depois de duas décadas, pensou um pouco e respondeu- “Daqui a 25 anos serei o ditador de um país islâmico dotado de armas nucleares” [trechos do filme “O Fundamentalista relutante”]. Assustados, os amigos entreolharam-se acreditando no blefe de Changez. Ele conseguia brincar com os estereótipos construídos sobre seu povo.

Mas ao mesmo tempo, em uma viagem a sua terra natal na cidade de Lahore, desprezou-a, o seu olhar estava“americanizado” demais. Não suportava a insalubridade do lugare suas casas mal acabadas. Era inevitável a comparação com o que havia nos Estados Unidos, afinal, Changez queria ser um norte-americano, com todas as vantagens e oportunidades que essa condição lhe oferecia. Esse desejo de incorporação do “outro” foi discutido por Said, que fez a seguinte advertência- “mesmo que você leve a melhor, ele não vai lhe conceder essa superioridade de essência ou seu direito de dominá-lo, apesar de sua riqueza e poder evidentes” [1995, p. 51], por mais que Changez tivesse mudado suas vestimentas, linguagens e atitudes, o desejado pertencimento nunca se efetivaria como se verá.
Apaixonara-se por uma garota chamada Érica (mais adiante seu nome será usado como um trocadilho para se referenciar à AmÉrica) a qual não conseguira se desvencilhar da dor pela morte de seu antigo namorado, algo que dificultava o sucesso do romance com Changez.

O revés na vida do protagonista deu-se após o atentando ao Word Trade Center, quando os olhares dos cidadãos norte-americanos, tomados pelo medo, horror, impotência e tristeza, começaram a ficar mais agressivos e acusatórios [Journalof Media Psychology,v. 14, n. 1, Winter, 2009].
Principalmente depois que Changez decidiu deixar a barba crescer. Afinal, no imaginário desses cidadãos o inimigo não era apenas o responsável pelo ataque às torres gêmeas, conhecido como Osama Bin Laden ou a organização terrorista Al Quaeda, o inimigo em comum eram todos os que tivessem caracteres afegãos ou paquistaneses.

Rejeitado, hostilizado e indignado com tudo o que estava acontecendo, Changez foi da admiração e fascínio pelos Estados Unidos para um sentimento de traição e culpa. Como um cidadão de identidade híbrida, que admirava o modo de vida americano, mas ao mesmo tempo não escondia sua “preferência por chás, do orgulho da culinária paquistanesa, do desconforto com a nudez feminina e de sua escolha em residir próximo a motoristas de táxi que falavam urdu” [DUARTE, p.60],ele experimentou os dilemas do duplo pertencimento. Sobre este sentimento, Said assim arguiu:

“Por razões objetivas sobre as quais não tive controle, cresci como árabe com educação ocidental. Desde minhas mais remotas lembranças, sentia que pertencia aos dois mundos, sem ser totalmente de um ou de outro. [...] essas circunstâncias certamente me permitiram sentir como se pertencesse a mais de uma história e a mais de um grupo” [1995, p.29].

Em meio ao caos identitário, a única coisa que lhe restara era retornar ao país natal. Pois, assim como Érica, por quem nutria uma paixão, não havia conseguido findar o luto e iniciar um novo ciclo, da mesma forma encontrava-se a AmÉrica, inconsolável com a morte de seus concidadãos.

Um mérito do filme é procurar desconstruir o velho imaginário sobre o povos oriundos de países muçulmanos, nesse caso em especial, o de que nem todos são fundamentalistas e/ou terroristas. Para um professor da Educação Básica, “O Fundamentalista relutante” apresenta-se como salutar no que tange a uma discussão atual sobre o “nós e o outro”, tendo em vista que nas salas de aulas o pensamento estereotipado sobre os povos árabes e muçulmanos é compartilhado por muitos estudantes, os quais, têm seus valores moldados pelos círculos familiares, amigos e grupos ideológicos.Diante disso os professores acabam se vendo diante de uma missão hercúlea, a fim de propor uma contranarrativa permeada pela alteridade, percebendo a história dos povos em partes iguais.

E nesse emaranhado narrativo, o conflito vivenciado por Changez, visto como o “outro” indesejável,fez o personagem crescer, dando uma guinada quando se viu diante da possibilidade de reabilitar a sua identidade paquistanesa após o atentado. Sendo assim, o que antes lhe causava vergonha e ojeriza, trazia-lhe reflexões sobre as singularidades de sua gente e sobre ser ele mesmo, pertencimento que estava muito aquém do que uma mídia ocidental propagava.
Afinal, como ele mesmo afirmou para o jornalista estadunidense e descoberto espião- "Nas histórias que contamos de nós mesmos, não somos os radicais enlouquecidos e indigentes que o senhor vê em seus canais de televisão, mas fomos santos e poetas" [trechos do filme “O fundamentalista relutante”].

Referências
Lidiana Emidio Justo da Costa é professora de Ensino Médio da Escola Cnecista João Régis Amorim; Graduada em História pela Universidade Estadual da Paraíba; Especialista em História do Brasil (Cintep-PB); Mestra em História pela Universidade Federal da Paraíba e atualmente Doutoranda vinculada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Pernambuco, sob a orientação do professor Dr. José Bento Rosa da Silva. E-mail: leejusto@hotmail.com.

DEMANT, Peter Robert. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2005.
DUARTE, Fernanda Glavam. Cartografias identitárias e territórios imaginários: a invenção do Oriente da obra O Fundamentalista Relutante de MohsinHamid. Revista de Graduação, Faculdade de Letras: PUCRS. Vol. 4 No. 1 2011 25.
GOODY, Jack. O roubo da história: Como os europeus se apropriaram das ideias e invenções do Oriente. São Paulo: Contexto, 2008.
SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
____________. Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Cia das Letras, 2001. “Introdução”, p.13-39.

14 comentários:

  1. Prezada Lidiana,

    A discussão proposta pelo seu texto faz-nos refletir sobre o conceito de identidades. Nesse sentido como um árabe ou muçulmano no Ocidente consegue responder ao apelo de integração, identidade e pertencimento?

    Thiago Oliveira de Souza

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Prezado Thiago, sua pergunta é bem pertinente para uma reflexão atual sobre o tema.
      Observa-se que tanto na Europa quanto nos EUA, têm-se uma segunda geração de muçulmanos nascidos e criados naqueles espaços. Nesse sentido, algo que chama atenção é a existência de redes de intelectuais, bem como outras categorias de árabes e muçulmanos, que têm uma visão mais crítica em relação ao islã, ainda que professando esta fé e seguindo os seus ritos. Eles também possuem uma boa formação acadêmica e encaram a sua “transnacionalidade” como normal e até vantajosa. Dessa forma, nesse universo de horizontes, práticas e experiências, estes povos conseguem se inserir atendendo a este apelo do qual você mencionou, mas estabelecendo as suas fronteiras e fundamentando suas identidades, que, por vezes, acabam constituindo-os em sujeitos híbridos.

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  2. Olá Lidiana, primeiramente, quero te parabenizar pelo excelente texto. Ele vai muito de encontro ao meu artigo e utiliza de fontes bibliográficas excelentes.
    Ao ver o filme o Fundamentalista Relutante, duas coisas me chamaram muito a atenção, a primeira que existe uma crítica a questão da vilificação do árabe-muçulmano,e como o atentado de 11/09 trastornou a vida daqueles que moravam nos EUA. Atualmente, estamos vivendo um tempo onde tem ocorrido imigracoes em massa de árabes e muçulmanos para o Ocidente, o que tem gerado muito impacto social, qual alternativa tu acredita que poderia contribuir para diminuir o racismo, xenofobia e islamofobia nesses locais?

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    1. Cara DéboraUshaski, é muito gratificante podermos dialogar sobre o tema, agradeço a leitura.
      Como professora de Ensino Médio, trabalho com alunos entre a faixa etária de 13 a 18 anos e é lamentável constatar que a maior parte deles possuem a clássica versão eurocêntrica sobre os povos árabes e muçulmanos. Tive uma experiência com um aluno suíço que atualmente estuda na nossa escola. Quando introduzi o assunto “Povos árabes e muçulmano na História”, ele ficou contrariado e gritou- São todos terroristas!
      A partir daquela situação, nas aulas seguintes, desenvolvi uma oficina de História no sentido de combater os estereótipos e preconceitos que recaem sobre esses povos, mas também sobre judeus, budismo, religiões de matriz afro, católica e protestante, algo que foi bastante positivo, pois podemos falar sobre as mesmas expondo seus mitos fundadores, epopeias, vestimentas, hábitos e peculiaridades. Todos puderam participar, questionar e tirar suas dúvidas, ao final, percebi nos comentários e gestos que a semente da tolerância foi lançada.
      Enfim, combater o racismo, xenofobia e islamofobia, sem dúdiva alguma passa pela educação. Nós, professores, precisamos fazer uma revolução em sala de aula todos os dias, tornar os nossos alunos multiplicadores é fundamental, pois a História que contamos criticamente e contextualizada, eles contam em seus lares, grupos de amigos e redes.

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    2. Obrigado pelo esclarecimento Lidiana.
      Atenciosamente
      Débora Dorneles Uchaski.

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    3. Eu que agradeço seu interesse, abraços e sucesso!!

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  3. Oi Lidiana. Parabéns pelo texto. Dialogar sobre o outro, sobre uma cultura que nos parece tão distante, não é tão simples. São várias as barreiras que precisam ser derrubadas nesse processo, entre as quais ter acesso a materiais produzidos nesses país, principalmente do ponto de vista audiovisual. A partir disso, esbarramos na linguagem cinematográfica, muito diferente da estética americana que comumente é assistida pelos estudantes. O que pensas de nós, enquanto historiadores e historiadoras, montarmos uma rede de troca de materiais, o que muito nos facilitaria numa "militância" pelo combate aos estereótipos, valorizando as culturas da região? Obrigado! Abraço!

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    1. Olá, Maicon! Desde já, agradeço sua leitura. Realmente, dialogar sobre o outro é um grande desafio, inclusive o de educar o nosso olhar, herdeiros de uma visão eurocêntrica. Sendo assim, desvencilhar-se disso é fundamental.
      A propósito gostei muito de seu artigo sobre a Coreia e EUA, em breve estarei compartilhando para os professores da minha escola.
      Quanto a seu questionamento, eu desconheço qualquer iniciativa como a que você sugeriu, seria sensacional, muitos professores sentem dificuldade de trabalhar o Oriente em sala de aula.
      Caso você pense algo, conte comigo.

      Sucesso e tudo de bom!



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  5. Parabéns pelo texto, Lidiana!

    Como bem explanou é necessário refletir sobre os aspectos do eurocentrismo e para que esses aspectos contribuem no dia-a-dia. Infelizmente, partindo do Brasil como exemplo, Ainda temos uma visão muito colonial e uma educação colonizadora.
    Tendo em vista que não é algo simples desconstruir paradigmas e esteriótipos fomentados durante séculos, como a senhora ver de positivo ou negativo as propagações de notícias/informações diárias da mídia ocidental e até que ponto isso traz agravantes no tocante ao ensino ocidental e a vida no Oriente médio?

    Jacson Jardel de Souza Silva

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    1. Boa tarde, Jacson! Você falou tudo, temos um currículo engessado e colonizador. Eu sou uma entusiasta das mídias digitais como recurso para a nossa prática na sala de aula. Mas é inegável que nós, professores, temos que fazer um trabalho hercúleo para desconstruir informações eurocentradas que nossos alunos absorvem rapidamente e tomam as mesmas como verdades absolutas. Não é fácil, principalmente pq vemos a nossa carga horária sendo reduzida a cada reforma educacional. Afora este empecilho, faço uso da lousa digital na escola em que trabalho e, a cada semana, escolho duas fontes de jornais da WEB, “O Estadão” e “O Globo”, a partir da leitura de um mesmo tema, começo a problematizar a respeito das respectivas fontes, analisando sua argumentação, imagens veiculadas, o título da notícia se é sensacionalista ou não, enfim... Esta simples metodologia tem surtido efeito, tenho visto que eles mesmos têm amadurecido o olhar sobre diversas temáticas- mulheres, negros, imigrantes, inclusive sobre o Oriente.
      Espero ter respondido seu questionamento, grande abraço!!

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  6. Olá Lidiana, parabéns pelo texto, sério ficou muito bom. Me faz pensar que a nossa relação, uma mentalidade, não é algo natural. O bem ( europeu) versus o mal (oriental), que me faz pensar será que, pensando numa perspectiva de longa duração, é uma característica comum as sociedades interpretar o diferente como mal que deve ser combatido e excluído?

    Rodrigo Frasson.

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  7. Oi Rodrigo, obrigada pela sua leitura, fico feliz em saber que você gostou do texto. Sua pergunta é bem pertinente, eu não havia parado para refletir sobre esta dualidade bem x mal numa perspectiva de longa duração. Mas algumas sociedades na História, valeram-se desse argumento. Eu faria mais outro questionamento, quais motivações que estas sociedades sentiram e algumas ainda sentem em deslegitimar o outro e combatê-lo? Talvez nesse sentido tenhamos que adentrar no campo da alteridade...
    Fica a reflexão, o que você acha?

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