Steffany Maria Aparecida do Nascimento

PRIMAVERA ÁRABE: UMA ANÁLISE DA REVOLTA POPULAR EGÍPCIA

O presente trabalho constitui-se em analisar as manifestações que ocorreram no Egito entre os anos de 2011–2013 na denominada “Primavera Árabe”. A revolta egípcia tornou-se uma das mais longas e noticiadas por meio de diversos meios de comunicação, os quais, os militantes usaram para propagar as atrocidades que ocorriam no país. As principais reivindicações da revolta eram: liberdade, democracia, anticorrupção e queda aos regimes autocráticos.

Antecedentes da revolta
Sendo o berço de uma das culturas mais ricas da Antiguidade, o Egito na história do tempo presente foi colonizado por ingleses durante o século XIX e mais tarde se fez notável por sua união com os Estados Unidos – e outros países – em prol de seus interesses, econômicos, políticos e sociais. Inserido na lista de países que possuem ditaduras brutais e regimes intolerantes, observamos que há em seu sistema uma política extremamente corrupta que prejudica o contexto sociopolítico e econômico do país. E em todas essas décadas, os governantes que regeram o Egito acabaram enriquecendo a classe dominante e favorecendo a economia de outros países, deixando assim a grande massa de lado. E em nenhum momento acreditaram em possíveis levantes populares que fossem inovadores e concisos na história do Mundo Árabe, algo que desse inicio ao que podemos denominar de despertar revolucionário.

Na conferência da OTAN em Lisboa, em novembro de 2010, foi reconhecido no Novo Conceito Estratégico (CEN) que não haveria uma possibilidade remota de ocorrer revoltas no Mundo Árabe. Mas o que ocorreu no mês de dezembro do mesmo ano apontou quão errônea foi essa afirmação. A visão que muitos possuem sobre supostas mudanças na sociedade árabe é que, segundo Silva [2013, p. 309]:

“A possibilidade de um amplo tsunami de revoltas em prol da democracia era descartada com certo desprezo e comiseração: afinal, a democracia era, para estes experts, incompatível com a sociedade árabe e em especial com a religião islâmica.[...] Os dias e meses seguintes iriam desmentir duzentos anos de percepções ocidentais sobre o Islã e o Mundo Árabe.”

As revoltas se iniciaram na Tunísia em dezembro de 2010, quando o jovem comerciante Mohamed Bouazizi ao ser impedido pela polícia local de vender verduras nas ruas por não ter licença para trabalhar e nem condições de pagar propina aos policiais, suicidou-se como protesto contra a corrupção e pobreza de seu País. O trágico incidente foi filmado e compartilhado em várias redes sociais e foi relevante o bastante para desencadear uma série de protestos realizados por uma população já descontente com o governo. O País entrou em uma grande crise política e o Presidente, ditador, Ben Ali, no poder há  23 anos  foi derrubado e condenado.

Na Líbia, as revoltas tomaram outras proporções, as quais geraram uma violenta guerra civil. No caso deste país, o ditador Muammar Gaddafi, já no poder há 42 anos, possuía inimigos tanto dentro do país – a própria população – quanto fora. Isso resultou na participação da OTAN, que se juntou aos “rebeldes” para derrubada deste governante. Sua queda ocorreu ainda em 2011 quando um grupo de “rebeldes” o capturou e o assassinou. Ocorreram revoltas e protestos também em outros países Árabes como: Egito, Bahrein, Iémen, Síria, Palestina, Omã, Djibuti, Iraque, Marrocos, Kuwait, Jordânia, Argélia, Libano, Mauritânia, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental.

Ao analisarmos esses países, notamos que o “despertar árabe” se alastrou rapidamente entre eles como um “efeito dominó”, no qual cada País que aderiu esta onda revolucionária empregou-lhe diferentes modos de protestos. Apesar das linhas de conflitos se distinguirem entre eles, seus objetivos são praticamente os mesmos: realizar revoltas em busca de liberdade, bem-estar social, um governo democrático e ir contra a corrupção presente no sistema. Esses quatros componentes foram algumas das ideologias presentes na Primavera Árabe.

A Primavera chega ao Egito
De acordo com Silva [2015, p. 461], “Os acontecimentos no Egito entre 25 de janeiro e 11 de fevereiro de 2011 colocaram por terra algumas teses tradicionais das ciências políticas e da percepção política e social do Mundo Árabe”. Pois desde a Guerra fria, as afirmações e suposições que rondam tanto o Oriente quanto o Ocidente são que jamais ocorreria uma revolta ou qualquer capacidade de mudança popular no Egito – ou em qualquer outro País Árabe – visto que o país viveu anos em uma ditadura pós-colonial. E baseando-se desta afirmação, a previsão era que jamais seus habitantes deveriam se voltar contra a forma vigente de governo. A amostra de que jamais se deve subjugar um povo e muito menos uma nação, se fez presente na intitulada Primavera Árabe.

Em muitas culturas a palavra primavera significa “nascimento” ou “começo de um novo ciclo”.  E o que ocorreu no mundo árabe não está ligado ao começo de uma estação do ano, mas a algo inerente ao seu significado. De modo específico, o uso do termo “Primavera” se relaciona com os ocorridos de 1968, quando o primeiro secretário do partido comunista da antiga Tchecoslováquia promoveu reformas para descentralizar a economia e permitir maiores liberdades individuais no país, obtendo o apoio de intelectuais locais e de grande parte da população. Este movimento reformista utópico de Alexandre Dubcek ficou denominado como “Primavera de Praga”.

A Primavera Árabe, ao contrario da citada a cima, trouxe um caráter mais “real” e dinâmico com relação às ideologias presentes nas manifestações e seus participantes. No Egito, o uso das redes sociais na organização dos protestos fez do movimento algo inovador e acelerado. O uso de celulares e câmeras para divulgação das imagens e vídeos feitos durante os protestos foram de grande magnitude. A participação jovem também foi algo que marcou os movimentos e fez com que a Primavera Árabe, não se tornasse algo breve e sim um período de transformações históricas nos rumos da política e imagem do Oriente.

As primeiras imagens da Praça de Tahrir no Cairo e sua quantidade numerosa de manifestantes e também cenas de ataques militares sobre eles, publicados no Facebook e YouTube, foram repassadas para todo o globo e tiveram fortes impactos, principalmente nos Países vizinhos. A internet e as redes sociais foram importantes aliados para a propagação da revolta. A nova geração nascida após 1989, acompanhou sua primeira “revolução” através das novas tecnologias em tempo real. Contudo, houve manobras do governo para evitar a propagação das revoltas em redes sociais. De acordo com Tarcisio Silva [2012, p. 36]: “[...]. O poder das redes de comunicação digital foi rapidamente identificado pelo governo egípcio. Durante a crise política, as operadoras de telefonia foram obrigadas a enviar mensagens de apoio ao presidente e os serviços de Internet no país foram cortados.”

Mesmo assim, houve a expansão da mídia árabe com canais e satélites online espalhados por toda parte e cada vez mais acessíveis. O melhor exemplo é a rede Al Jazeera que pôde ser assistida através de satélite em todo o mundo Árabe contornando, em certos momentos, limites e barreiras impostas por governos locais. Durante a revolta no Egito, grande parte dos cidadãos recebia as noticias por este canal, uma vez que praticamente toda a imprensa local estava controlada pelo déspota Hosni Mubarak.

Mubarak, antes conhecido como o “herói egípcio” por sua grande vitória na Guerra do Yom Kippur (1973), ganhou fama como defensor da pátria e logo ascendeu ao poder. Passou cerca de trinta anos sendo presidente de um governo corrupto e autocrata, cujo regime foi denominado de cleptocracia – estado governado por ladrões – o qual, ele e as Forças Armadas (FFAA) dominavam o país. Em relação a isto, Silva [2015, p. 462], diz que: “O país gasta 3,4% do seu PIB de US$ 500 bilhões com os militares, que formaram ao longo dos 30 anos de regime Mubarak (1981-2011) uma elite muito acima dos níveis sociais do conjunto da nação[...]”.

Ao longo da “era Mubarak”, o Egito passou por diversas transformações econômicas e fez vários acordos com diversos países. Os Estados Unidos – grande aliado do Egito desde 1972 – por exemplo, forneceu armas e ajuda militar a Hosni Mubarak durante as revoltas. E a mídia americana reproduziu, sem muito detalhe ou destaques, o que ocorria no Egito. Houve também alterações nas notícias sobre os protestos fazendo com que a imagem do presidente saísse como vítima perante as manifestações populares. Isso porque o Egito é um dos Países Árabes que mais contribuem para a economia americana com relação ao Canal de Suez, o petróleo e a ajuda a Israel. Sendo assim, os EUA, na época presidido por Barack Obama, mantivera ajuda ao governo egípcio para proteger seus interesses. Através da declaração do jornalista egípcio Hossam el- Hamalawy à  Revista Carta Maior, podemos observar de uma maneira mais clara a relação existente entre os Estados Unidos e Hosni Mubarak:

 “[...] Mubarak é o segundo maior beneficiário da ajuda externa dos EUA, depois de Israel. Ele é conhecido como o capanga dos EUA na região; é um dos instrumentos da política externa dos EUA, que implementa seu programa de segurança para Israel e assegura o fluxo sem problemas do petróleo enquanto mantém os palestinos confinados. De modo que não é nenhum segredo que esta ditadura goza do respaldo de governos dos EUA desde o primeiro dia, inclusive durante a enganosa retórica em favor da democracia protagonizada por Bush. [...]”.    [Revista Carta Maior, 2011, p. 14]

A revolta popular 
Para os manifestantes egípcios, os movimentos que precederam a derrubada de três regimes em um curto período de tempo, ficaram intitulados de revolução, mas de acordo com o “Dicionário de Conceitos Históricos” dos autores Kalina Vanderlei e Maciel S. [2009, p. 362 e 363]:

“[...] Primeiro, vamos definir uma revolução como um processo de mudança das estruturas sociais.[...] Somente na Revolução Francesa o termo ganhou o significado que tem hoje: o de uma mudança estrutural, convulsiva e insurrecional. Hector Bruit define uma revolução como um fenômeno político-social de mudança radical na estrutura social; [...], algumas das características mais marcantes de uma revolução: a rapidez com que as mudanças são processadas durante esse fenômeno e a violência com que são feitas”.

Ou seja, apesar das manifestações objetivarem mudanças nas estruturas internas e externas – tanto políticas quanto sociais do País – isso não ocorreu. A constituição continuou a mesma – no caso do governo de Morsi, foi moldada apenas aos seus interesses – e nenhuma reforma ou partido que apoiasse a grande massa chegou a disputar cargos no governo egípcio. Por ser também uma manifestação em que os populares saíram às ruas sem armas, a revolta de início não foi violenta, os cenários deploráveis de violência começaram quando os tiranos que assumiram o poder os atacaram chagando a passarem com tanques de guerra em locais que estavam repletos de pessoas.
Segundo Silva [2013, p.322], “Cerca de 33%, de todos os egípcios, possuem menos de 15 anos de idade e a média nacional é de 24 anos. Temos aqui, um primeiro dado que alvorece profundamente o caráter da revolta [...]”. A maior parte dos manifestantes era jovem, de ambos os sexos, que por fazerem parte da globalização e terem noção dos meios de comunicação que hoje existem, passou a observar, por exemplo, as diferenças que existem entre um país cujo governo é democrático e o regime em que viviam. Com base nisto e também na crise econômica mundial iniciada em 2007 que afetou a economia do Egito – e de vários outros países, como o Brasil, por exemplo –, notamos que algo na mente desses jovens se modificou.

As principais causas que motivaram as revoltas egípcias foram: a pouca, no caso, nula representação política da população; falta de liberdade de expressão e justiça social; opressão do regime e principalmente o alto índice de desemprego no país. Para entendermos melhor a instabilidade que a camada popular egípcia se encontrava, segue abaixo um trecho de uma entrevista realizada com Amr Abdulah, um ator importante no país e um dos líderes presentes na praça de Tahrir,  para o jornalista Fred Henriques à Revista Socialismo & Liberdade:

“[...] Nesses últimos anos, as pessoas passaram a sofrer mais. Fred, você pode imaginar uma pessoa vivendo com 150 libras egípcias por mês? Isso dá menos  de 30 centavos de dólares por dia. Em nosso país, temos mais de metade da população abaixo da linha da pobreza. Você  imagina todos os dias ouvindo seu filho: “ pai, eu estou com fome”. Essas crianças muitas vezes têm que se jogar nas ruas para conseguir algo para comer. Há dois anos, o governo ofereceu comida para este povo humilde, pão e macarrão, porém, depois foi descoberto que estavam envenenados![...]”. [Revista Socialismo & Liberdade 2011, p. 18]     
                
Era nesse contexto de depauperação social, malevolência do regime contra a população e a falta de liberdade democrática que o povo egípcio se encontrava. Para muitos a revolta não se iniciou em 2011, mas a cerca de 10 anos antes, quando Mubarak junto a seus aliados, inicou um processo continuo de saques ao País. A partir disso, surgiram levantes contra o regime, que eram “controlados” pelas FFAA do país e abafados pela mídia que emitia apenas o que o governo permitia.
Cansados de serem oprimidos e de não terem liberdade em um País extremamente corrupto, em janeiro de 2011, inspirados nas noticias que viam em suas redes sociais, sobre a queda do ditador Ben Ali na Tunísia, os egípcios saíram às ruas se encontrando principalmente em praças, para exigir a tão clamada liberdade e repetir incansavelmente, “o slogan tantas vezes repetido da Primavera Árabe, “O povo quer a queda do regime [...]”, [Krissinger, 2015, p. 82]”.

Toda revolta tem um símbolo e no Egito não foi diferente. A praça de Tahrir, foi centro de diversos encontros e ponto fixo de muitos manifestantes que chegaram a acampar ali, ela é o símbolo mais marcante da “revolução”. Em 31 de janeiro de 2011, em contrapartida a estas manifestações, Mubarak vendo que os manifestantes presentes em Tharir continuariam pedindo a queda de seu regime, liberou diversos presos e pagou propina para policias à paisana atacarem com agressividade esses militantes.  Cortou também serviços de internet e telefonia do País e consequentemente fez com que a quantidade de manifestações fosse diminuindo.

Em fevereiro do mesmo ano, milhares de pessoas voltaram às ruas para protestar e pedir a queda do tirano. Servidores públicos entraram em greve e o presidente agora ameaçado, não só por estes manifestantes, mas também por facções, se viu obrigado a deixar a capital do país. Percebendo então que seu país se tornou um lugar perigoso para si mesmo e que as FFAA com o apoio de outros países – principalmente os EUA – estavam cogitando a derrubada de seu regime, Mubarak no dia 11 de fevereiro de 2011, foge e anuncia a sua renúncia ao cargo de Presidente, fazendo com que Tahrir e o resto do Egito entrassem em êxtase.

Em três anos de revolta o Egito passou por mais dois regimes até chegar ao seu atual. O primeiro ocorreu após a queda de Mubarak, e foi regido por militares. De inicio fizeram promessas de atender as necessidades do povo e de não oprimirem os manifestantes de Tahrir, fazendo com que houvesse uma aceitação inicial das FFAA pelo povo. Para Silva [2015, p. 462], “A proclamação do Conselho Supremo Militar promete: eleições livres, novo marco constitucional e políticas de ajuda e assistência social para população”. Porém, em menos de um mês no comando, se mostraram tão violentos e opressores quanto na “era Mubarak”.

Em 2012, após intensas manifestações pedindo a queda dos militares, eles abdicaram o poder. E no mesmo ano ocorreram novas eleições para Presidente. E eis que surge a Irmandade Muçulmana. Alguns adeptos desta organização fizeram parte das manifestações, mas quando Mohammed Morsi se candidatou a presidência na esperança de instaurar um Califado no País, surgiram muitos outros adeptos na praça.

Para os manifestantes que prezavam a laicidade da revolta e mantinham-se nela desde seu inicio, a Irmandade Muçulmana “roubou a manifestação”, pois os interesses em jogo agora estavam apontados para o lado da religião islâmica, não mais para os direitos cívicos e democráticos que os manifestantes reivindicavam. De acordo com Krissinger [2015, p. 82], Morsi era:

“Mohammed Morsi, um líder da Irmandade Muçulmana apoiada por uma coalizão de grupos fundamentais ainda mais radicais, foi eleito em 2012 para uma presidência [...]. Uma vez no poder, o governo islamita se concentrou na institucionalização da sua autoridade, fazendo vista grossa enquanto seus militantes organizavam uma campanha de intimidação e assédio a mulheres, minorias e dissidentes[...]”.

O governo de Morsi não conseguiu estabilizar a situação do País e logo sofreu uma forte oposição civil. Os protestos continuaram agora pedindo sua renúncia, mas Morsi e seus seguidores recorriam a formas violentas para atacar esses militantes. Ele também realizou discursos de ódio em redes de televisão do País, ameaçando de morte quem fosse contra seu governo abusivo. Foi em 2013, após um longo período de violência e instabilidade entre os manifestantes e o governo, que Morsi é deposto do cargo de Presidente, com o apoio das FFAA. E mais uma vez o Egito passou a ser governado por militares.

Ainda em 2013, o Egito sofreu um golpe de Estado, no qual, quem assumiu a presidência foi o ministro da defesa, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi. Al-Sisi apoiado pelas FFAA e países como os Estados Unidos, continua até hoje no poder, oprimindo e roubando o país. Seu governo autocrata é um dos piores que o Egito já conheceu e a censura dentro do país é extrema. Uma pergunta que ronda a cabeça de muitos é: “Onde estão os heróis de Tahrir?”. Analisando o pouco material que encontrei sobre esta “nova fase” do governo egípcio, concluo que Tahrir está apenas adormecida esperando o resto do País acordar para realizarem agora uma real revolução. Como diz um antigo provérbio árabe: “não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado”.

Referências
Steffany Maria Aparecida do Nascimento é graduanda de Licenciatura em História pela Universidade de Pernambuco (Campus Mata Norte). Faz parte do laboratório de História do Tempo Presente (HTP-UPE).
E-mail: Steffanynascimento.sp@gmail.com
Orientador: Igor Lapsky da Costa Francisco.

KRISSINGER, Henry. Ordem mundial. 1a ed. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. A História na Primeira Página. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2013.
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Enciclopédia das guerras e revoluções- vol. III : 1945-2014: a época da Guerra Fria (1945-1991) e da nova ordem mundial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
SILVA, Tarcisio Torres. Imagens da Primavera Árabe: estética, política e mídias digitais. Galaxia (São Paulo, Online), n. 23, p. 35-47, jun. 2012.


36 comentários:

  1. Como sabemos, os países da Africa Subsaariana possuem em sua grande maioria governantes que estão a muitos anos no poder e também possuem uma grande parcela da população que é muçulmana. Na sua opinião qual o motivo dessa onda de revoltas que se iniciaram na Africa Setentrional não atingiram também os países subsaarianos?

    WEKSLLEY MACHADO

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    1. Olá Wesklley, obrigado pela pergunta!

      Bom, apesar de ambos terem déspotas no governo e muitos mulçumanos, eles não possuem, por exemplo, rádios e jornais que transmitam as mesmas notícias. Ou seja, os meios de comunicação – notícias – que foram utilizados pra propagar as revoltas no mundo árabe não são os mesmos dos países da África Subsaariana. Vale ressaltar que a utilização de redes sociais, fez com que as revoltas da Primavera Árabe se alastrassem de modo acelerado e inovador. Há também a questão da África Subsaariana ser muito mais extensa, pois são mais de 40 países e neles não há uma mesma tradição que o Oriente Médio e o norte da África têm como, por exemplo, serem mais próximos à cultura árabe. Há também a questão econômica, pois muitos desses países possuem uma população muito pobre, extremamente carente. E é claro que podem ocorrer rebeliões, num nível espontâneo, devido ás precárias condições de vida. Mas, infelizmente, não é um movimento capaz de ser organizado a ponto de se assemelhar ao que ocorreu na denominada Primavera Árabe.
      Espero ter lhe respondido!

      ABS, Steffany Nascimento.

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  2. A autora fez uma abordagem interessante sobre a chamada Primavera Árabe, com enfoque especial para a realidade do Egito. Em determinada passagem do texto a autora menciona alguns países árabes que sofreram revoltas, sendo um deles a Síria. Por que o grave conflito na Síria não derrubou o governo de Assad como ocorreu na Líbia de Kadhafi?
    Roberto Carlos Simões Galvão

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    1. Olá Roberto, obrigado pela pergunta!

      Gaddafi possuía muitos inimigos políticos influentes, inclusive grande parte já foram seus aliados. Em 2003, por exemplo, ele estreitou alianças com grandes potências ao descartar programas de armas nucleares de seu País Sendo que com o passar do tempo ele se mostrou mais ambicioso do que se era “permitido” e assim os principais líderes mundiais decidiram parar suas ideias de extensão de poder – essa questão de extensão de seu poder, se encaixa com as ameaças que o mesmo fez a União Africana (UA) – o acusando de “inimigo da democracia”, algo que deveria ter ocorrido muito antes devido sua forma abominável e abusiva de governar. Mas que só ocorreu quando as decisões do déspota começaram a afetar os negócios que havia entre a Líbia e a Europa e também com os EUA. E quando o mesmo passou a fortalecer economicamente grupos terroristas. Com isso os rebeldes – a população líbia, contando também com as FFAA – já exauridos do governo vigente receberam apoio militar e econômico de outros países – a participação ativa da OTAN demonstra isso – e ocorreu a derrubada deste governante. Sua pergunta foi, “por que não ocorreu o mesmo com Assad?”, Bom apesar de Bashar al-Assad se igualar a Gaddafi em sua forma de governo abusivo, ele tem algo que Gaddafi deixou de ter a alguns anos, antes de sua queda, que era um exército leal ao seu regime. Sem contar com a questão religiosa – entre Sunitas e Alauitas – que existe na Síria, pois a população tem medo que com a queda de Assad os Sunitas tomem o poder. O governo de Assad – isso com relação ao período da Primavera Árabe – tem laços digamos que proveitosos, com seus “vizinhos”, exemplo, Israel e Turquia. E há também a questão da Rússia ser uma grande aliada da Síria – devido aos interesses em comum que ambos os países possuem – e na época nem os EUA e nem a ONU, interferiram na revolta da Síria como interviram, por exemplo, no Egito e na Líbia, não por a revolta ter se transformado em uma Guerra Civil, mas porque seus interesses não foram até então afetados com o conflito. E aí, na época, ficou meio que uma pergunta: “quem irá intervir na Síria?” Bom, poderia ter sido o Qatar, mas apesar de ser um país rico ele não possui uma potência militar.
      Bom, espero que ter lhe respondido!

      ABS, Steffany Nascimento.

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  3. Olá, Steffany, seu texto é muito interessante. Minha dissertação de mestrado foi sobre o Egito, entre 1804 e 1956, e talvez te interesse. Segue o link:

    https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/136289/souza_fas_me_mar.pdf;jsessionid=A208A607D0AA8F3E504ED4A4E07A9836?sequence=3

    Minha pergunta é bem simples. No material que você pesquisou, havia algum indício de que parte considerável dos manifestantes que derrubaram Mubarak estavam articulados em Organizações Não Governamentais (ONGs)? Em caso positivo, havia algum indício de que essas ONGs recebiam algum tipo de auxílio do exterior?

    Recomendo que você procure o livro de Moniz Bandeira, "A segunda guerra fria", editado pela Record em 2013. Alguns de seus capítulos certamente serão úteis para a continuidade de suas pesquisas.

    Obrigado!
    Felipe Alexandre Silva de Souza

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    1. Olá Felipe! Irei ler sim a sua tese e muito obrigado pelas sugestões e pela pergunta!

      Com relação a sua pergunta, os manifestantes em si – isso de acordo com as fontes que eu tive acesso – não tiveram o apoio de ONG’s. Mas as FFAA e o governo de Mubarak tiveram muito apoio exterior, principalmente dos EUA.

      ABS, Steffany Nascimento.

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  4. Oi Steffany. Parabéns pelo texto. A Primavera Árabe, como você mesmo assinalou, ocorreu em vários territórios/países. Além das semelhanças dos movimentos específicos dentro desses locais, houve algum tipo de interação entre os mesmos durante o período, tais como: apoio militar, financeiro, etc.? Obrigado! Abraço!

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    1. Olá Maicon, muito obrigado pelo elogio e pela pergunta!

      As ideologias presente em ambas foram basicamente às mesmas: queda aos regimes autocratas, reformas política, liberdade, justiça social e democracia. Tirando as influencias ideológicas e motivação que um teve sobre o outro, eles não compartilharam apoio militar ou financeiro entre eles.

      ABS, Steffany Nascimento.

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  5. Parabéns pelo ensaio. Uma coisa que sempre me aparece nas aulas é a raiz do termo "primavera". Notadamente, nas circunstâncias da primavera dos povos. Sempre explico que essa terminologia tem o sentido de revolta, de movimentação, etc, no contexto da metade do século XIX. No entanto, para a Primavera Árabe, creio que esse termo se disseminou por meio da imprensa. Sobre isso, vc conseguiu encontrar a origem do "primavera"? Qual o papel da imprensa e dos grandes veículos de comunicação televisiva, internet, etc, para a Primavera Árabe?

    Att,
    Rodrigo Henrique Araújo da Costa

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    1. Olá Rodrigo, muito obrigado pelo elogio e pela pergunta!

      Vou começar respondendo a segunda pergunta. Bom, um grande marco da Primavera Árabe, sem duvidas foi o uso das redes sociais para propagação – acelerada – das manifestações e como decorrência houve uma intensa comunicação entre os manifestantes e também a inspiração que um país levou pro outro com seus protestos e conquistas. Como eu cito no texto, houve um “efeito dominó”, no qual cada país que aderiu esta onda revolucionária empregou-lhe diferentes modos de protestos. A origem dessa “primavera” eu encontro por meio de um de seus vários significado, que é “começo de um novo ciclo”.

      ABS, Steffany Nascimento

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  6. Olá, primeiramente muito obrigado pelo texto. Bem, sempre que leio algo sobre a situação política de países como o Egito de maioria muçulmana é difícil afastar da minha mente a enorme quantidade de ditadores que lideram esses países sempre com bastante violência e autoritarismo. Quando você fala que: “Tahrir está apenas adormecida” você arriscaria dizer que quando eles “acordarem”, -porque aparentemente é só questão de tempo- veremos mais derramamento de sangue igual ou pior o que aconteceu anteriormente?

    Denis Garcez de Oliveira

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    1. Olá Denise, muito obrigado pela pergunta e também pelo elogio!

      Acredito que eles lutaram muito por uma causa e seria lastimoso da minha parte colocar apenas que: “há, eles foram lá fizeram uma revoltinha e no fim não adiantou nada, pois tudo continuou na mesma”. Por isso acredito que os que participaram das manifestações e seus descentes tomaram a revolta como símbolo de esperança e espero que haja uma verdadeira revolução no País e que os países de fora – principalmente os EUA – pare de intervir e favorecer ditadores como Al-Sisi. Hoje o Egito continua sendo governado pelo déspota e infelizmente as coisas andam de mal a pior no país, ou seja, o derramamento de sangue já ocorre. Há relatos que desde 2013, quando Al-Sisi deu o golpe e tomou o poder, os manifestantes de Tahrir estão sendo condenados, presos e covardemente torturados.

      ABS, Steffany Nascimento

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  7. O texto está muito bom: sabemos que estás sociedade eh fortemente religiosa e existe uma divisão social gritante; quero acreditar que as mudanças acontecem quando se busca, entretanto não foi o que aconteceu e sim muita destruição. Minha dúvida estás sociedade estavam preparados para está mudanças?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá Maurilio, obrigado pela pergunta e elogio!

      Bom, viver em um país na qual, a forma de governo vigente é uma ditadura – em muitos casos patriarcal –, que oprime seu povo e causa danos ruins a sociedade, em pleno século XXI é algo lastimável. E com relação a sua dúvida, ideologicamente elas estavam e estão sim preparadas. Mas, infelizmente há esse MAS, a questão não engloba o querer ou clamor do povo – pois não vivem uma democracia –, mais sim em governos autocratas apoiados por potências mundiais que apoiam as formas autoritárias de governo para se beneficiarem, tanto politicamente quanto economicamente.
      Espero ter lhe respondido!

      ABS, Steffany Nascimento.

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  8. Excelente texto,me pergunto se ao invés de considerarmos a Primavera Árabe como um fracasso, devemos apenas relativizar o termo, pois o entusiasmo midiático ocidental criou a expectativa de rápidas mudanças institucionais, democratização e direitos civis, porém o que ocorreu é que no imbróglio das escaramuças civis, abriu-se o caminho para a ascensão de grupos islâmicos radicais, como a Irmandade Muçulmana, que agora governa o Egito com mão de ferro, e o Estado Islâmico que ainda surge dos escombros deixados pela Guerra Civil Síria. Fato que por mais desapontador que possa ser, apesar dos perigos envolvidos não apaga uma transformação profunda ocorrida na mentalidade da maior parte da juventude árabe, e que rompe com um certo tradicionalismo que durante décadas levou o ocidente a considerar 'finda a história' do oriente médio, como Matternich idealizou.

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  9. Excelente texto. Senhora Steffany, você aborda no texto o conceito de revolução a partir de uma visão e relata que apesar da importância da Primavera Árabe ela não chega ser uma revolução, propriamente dita. Na sua opinião qual a importância da religião islã nesse processo de construção de uma democracia egípcia e se os dogmas religiosos atrapalham na revolução, elaboradas e pensadas pelos jovens através das mídias sociais?

    att,
    Pedro Henrique Lima Pereira Maia

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    1. Olá Pedro, muito obrigado pelo elogio e também pela pergunta!

      Bom, quando me refiro a uma forma de governo democrático não gosto de pensar ele em paralelo a religiões, embora isso ocorra em muitos países. Pois um país democrático tem que ser um Estado laico. No Egito quando a Irmandade Mulçumana “roubou” as manifestações houve um conflito entre os manifestantes que queriam manter a laicidade da revolta e os mulçumanos. E os jovens expuseram sim, em vídeos no Youtube e páginas no Facebook, seus descontentamentos com a imposição religiosa que o movimento passou a ganhar.

      ABS, Steffany Nascimento.

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  10. olá Steffany, maravilhoso seu projeto, parabéns pela iniciativa já que se tem poucas fontes acessíveis em português. Quais são esses principais meios para a propagação de violência, é os meios tecnológicos se sim são acessíveis a todos da região (Egito)? Uma outra pegunta intrigante que tenho a lhe fazer é que, sabemos que as redes sociais são meios comunicativos das massas esses meios entre outros eram censurados pelo governo?
    Att: Camila Nascimento de Amorim.

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    1. Olá Camila, obrigado pela pergunta e elogio!

      Sim, os meios foram esses mesmos. A questão do acesso, em alguns momentos foi cortada pelo governo de Mubarak, mas os manifestantes conseguiram se comunicar por aparelhos via satélite. E sim, com certeza foram bastantes censurados, para você ter ideia, páginas de protestos contra o regime foram "apagadas" do facebook e videos foram "misteriosamente" deletados do youtube.


      ABS, Steffany Nascimento.

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  11. Olá Steffany, tudo bem? Parabéns pelo texto e por trazer esta temática voltada ao tempo presente (que muitas vezes é vista com maus olhos pela academia). A modernidade é anunciadora de rupturas - que você explanou bem -, mas, a pergunta que lhe faço é: Como nós do mundo atlântico recebemos essas dissonâncias e ruídos orientais? É possível sentir?

    Abraço,
    Thalles Henrique Batista dos Santos

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    1. Olá Thalles, obrigado pela pergunta e elogio!

      Bom, infelizmente recebemos essas dissonâncias de modo distante e muitas vezes distorcidas, pois há uma grande falta de interesse à assuntos ligados ao Oriente, querendo ou não, é como expõe Said "o Oriente é como invenção do Ocidente". Em questões econômicas não sentimos muito, acho até que isso seja um dos fatores de muitos não se importarem, porque querendo ou não, a questão econômica mexe com um país. Mas, voltados pra questão social e cultural podemos sim "sentir" como você escreve os "ruídos orientais".

      ABS, Steffany Nascimento.

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  12. Parabéns pelo texto.

    A Primavera árabe aconteceu a mesma época em que vários protestos foram realizados nos Brasil, especialmente, a partir de 2013. Poderia estabelecer relações entre esses fenômenos?

    Francisca Márcia Costa de Souza

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    1. Olá Francisca, muito obrigado pelo elogio e pergunta!

      Bom,ambos aconteceram em contextos diferentes. Mas eu recentemente estou trabalhando com a "nova direita brasileira" e meio que se pensarmos pelo lado político das manifestações observamos, por exemplo, que ambos estavam protestando contra uma forma de governo corrupto.

      ABS, Steffany Nascimento.

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  13. Além disso, poderia explicitar os limites da Primavera Àrabe para o Egito e a Líbia?

    Francisca Márcia Costa de Souza

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    1. Embora as ideologias que motivaram ambos se assemelhasse, o Egito e a Líbia tem moldes diferentes de governos,por exemplo, as questões políticas, sociais e econômicas de ambos ( ao compararmos as propostas dos dois déspotas, Mubarak e Gaddafi) se divergem.

      Abs, Steffany Nascimento.

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  14. Steffany, boa noite

    Parabéns pelo texto, confesso que foi muito esclarecedor para mim.

    Você acredita que as revoltas nestes países serão mais frequentes e os mesmos irão se rebelar mais frequentemente lutando por liberdades e melhores condições sociais, devido a maior nível de informações de realidades em outros países? E você acredita que movimentos como este podem ocorrer no nosso país, respeitando claro as particularidades de cada país, população e cultura, visando a melhoria de condições sociais, uma vez que uma parcela muito grande de nossa população vive em condições precárias, levando em conta que cerca de 50% de nossa população não possui saneamento básico, partindo da premissa que somos um país que tem condições de fornecer melhores condições sociais nossa população como um todo. Acha que devida a rede de informações de hoje isso facilita as revoltas?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá Thiago, muito obrigado pelo elogio e pergunta!

      Sim, eu acredito que possa haver futuramente algo que se possa considerar uma "real" revolução no Egito. Bom, nosso país de fato vive uma democracia defasada, mas não devemos comparar o passado do Brasil ( e assim também seu futuro) com os regimes que o Egito possuiu e possui até hoje. E sim, as redes de comunicações, principalmente a digital, vem facilitando e muito manifestações e movimentos (os quais são considerados bons ou não para a sociopolítica de um país).

      ABS, Steffany Nascimento

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  15. Boa noite, belo trabalho de história do tempo presente. Na sua opinião existe a curto prazo a possibilidade de uma revolução democrática no Egito? Com relação a proteção ao patrimônio histórico hoje, é interesse do atual governo protege-los? Grato Marlon Barcelos Ferreira

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    1. Olá Marlon, obrigado pela pergunta e elogio!

      Não, infelizmente, não há uma possibilidade de em um curto período de tempo o Egito se tornar um governo democrático. Respondendo sua segunda pergunta, o governo atual é um regime autoritário que oprime e mata aqueles que vão contra o regime vigente. E isso claramente não é uma forma de proteção.

      Abs, Steffany Nascimento.

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  16. Ótimo texto, gostei bastante! Porém fiquei com uma dúvida, você acredita que para os EUA é interessante uma guerra contra o Egito nos moldes da Guerra do Iraque, uma vez que o mesmo passaria a controlar a região? E porque os EUA tem interesse em manter um governo egípcio aliado, para fins de exploração de recursos, ou somente para aumentar seu poder no Oriente na guerra contra o Islã? Pois me é estranho os EUA desejarem uma aliança egípcia contra o Estado Islâmico, uma vez que os mesmos apoiam a Arabia Saudita.
    Davi Santos Rocha

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  17. Olá. O termo "primavera árabe" deriva da "primavera dos povos" de 1848?
    Que desdobramentos possíveis deste acontecimento no mundo árabe o colocaria no mesmo nível que o caso de 1848?

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